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O mundo e o desafio da economia global

7 / fevereiro / 2011

Nouriel Roubini no Fórum Econômico Mundial 2011, em Davos, Suíça.

O Senhor Apocalipse ataca novamente. Conhecido assim por seus pares e na imprensa internacional, o professor da Universidade de Nova York, Nouriel Roubini, famoso por traçar cenários nada animadores para a economia do planeta, foi um dos destaques do Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça. Com suas projeções e análises, Roubini desafia pela precisão de diagnósticos e, na Suíça, falou para um auditório lotado e afirmou que apesar de haver sinais de recuperação da grave crise vivida no final da primeira década dos anos 2000, ainda há muitas incertezas a serem consideradas. Basta ver a situação pela qual passam muitos países europeus e a ameaça de calote a seus credores.

Roubini comparou a economia global da atualidade a um “copo meio cheio, meio vazio”. A afirmação foi publicada nos principais jornais do mundo, como no inglês The Guardian e na Folha de S. Paulo. Ou seja, se de um lado há franca expansão e mercados aquecidos em países como Brasil, China e outras nações ditas emergentes, de outra parte, nos países desenvolvidos os passos são dados com cautela e apreensão.

Em seu livro, A Economia das Crises, lançado pela Intrínseca e best-seller em todo o mundo, Roubini antecipou tendências e escreveu: “Quando a crise financeira se instala, o mundo inteiro é o palco”. Com rigor, ele tratou no livro das etapas do gigantesco abalo econômico vivido pelo mundo em 2008/2009 e lançou luz sobre o futuro mais imediato. “As maiores crises raramente respeitam fronteiras nacionais. Podem começar em qualquer parte do mundo, mas têm o hábito de se tornar globais, à medida que os problemas de um país se espalham por meio de canais – commodities, moedas, investimentos, derivativos e comércio – para outros países”.

Em Davos, Roubini confirmou a ocorrência do que já tinha escrito e antecipado, lembrando, por exemplo, como o crescente aumento dos preços de petróleo, energia e alimentos hoje representa uma severa ameaça à estabilidade financeira e política do mundo. Para ele, com preços nas alturas, a crise passa a ser muito mais do que uma sequência de falências de bancos e outras instituições financeiras. Na opinião do professor norte-americano, “as crises não podem ser curadas pelo colapso ou pelo salvamento de apenas um banco, ou mesmo pela implosão de parte do mercado financeiro”. O professor fala em seu livro da dificuldade de balizar as ações dos agentes controladores do sistema financeiro mundial e da falta de ferramentas para lidar com atividades especulativas e, em Davos, voltou a frisar este ponto.

A leitura de A Economia das Crises ajuda na compreensão do cenário atual e permite vislumbrar com alguma clareza o que é possível esperar do futuro financeiro global, bem como o que vai muito além dele e pesa diretamente no bolso de cada um de nós, no dia a dia de consumo de bens e alimentos. O Fórum Econômico Mundial completa 40 anos de realização em 2011. Já recebeu  personalidades dos mais diferentes segmentos, de Bono Vox a Bill Gates, passando por chefes de governo, representantes das principais organizações de comércio mundial, banqueiros etc. O evento fez história e, como disse seu criador, o economista alemão Klaus Schwab, em entrevista no site oficial do Fórum, nunca o mundo se viu diante da necessidade de discutir questões tão complexas e enfrentar tantos desafios ao mesmo tempo. Roubini, com seu faro econômico e rara capacidade de antevisão de crises, que o diga.

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