Adeus!

Adeus!

Querido F.J.,

Hoje venho dizer adeus.
Realmente me dói a forma como tudo acabou. Se você tivesse sido sincero comigo, acho que poderíamos ser amigos um dia, ou talvez não. É, talvez não, mas convenhamos seria mais provável do que da forma como aconteceu, não concorda?
Eu fiquei realmente estupefata com tudo, eu jamais esperaria tal conduta de você. Juro que se alguém me contasse, eu sorriria e diria que a pessoal não estava sabendo de quem ela estava falando. Mas realmente e (in)felizmente aconteceu.
Me lembro da primeira vez que escrevi uma carta nesse mesmo lugar para você que, ao contrário desta, descreviam o mais puro amor. Amor este que eu, nos meus devaneios inocentes, acreditava que seria eterno ou que ao menos fosse verdadeiramente correspondido.
Você me tornou uma pessoa que, se fosse possível optar, eu não escolheria ser. Mas aos poucos estou conseguindo me reencontrar. Ainda assim, lhe agradeço por todo o aprendizado durante esses 4 e longos anos.
A cicatrização bem foi mais rápida e menos dolorosa do que eu esperava.
Eu não me arrependo de ter amado, jamais. A ansiedade pela simples possibilidade de te ver, as “borboletas” no estômago e os arrepios causados por um beijo, jamais me esquecerei. Foram momentos únicos que, talvez eu os tenha concedido muita importância ou tentado tornar real aquilo que somente acontecia na minha cabeça.
Eu lembro que uma vez você me disse que não poderia ser incondicionalmente apaixonado por mim, mas eu jamais quis paixão, eu queria mais. Quis acreditar que você me daria mais e que até chegar esse dia meu amor fosse o suficiente por nós dois, ledo engano.
Apesar disso sempre os guardarei com muito carinho, e acreditarei que também fui amada, não da forma ou intensidade que eu merecia, mas ainda assim fui.
Infelizmente meu coração resolveu te escolher em meio a tantos outros homens, mas o que eu poderia fazer?
Sempre que imaginava como acabaríamos, nunca pensei que fosse por traição (embora esse seja o motivo da maioria dos términos), até porque você sempre dizia ter repulsa por tal conduta e que sempre seria sincero comigo. Acreditava que esse tinha sido meu maior erro, acreditar, mas eu não tenho culpa alguma pelo que aconteceu, fui fiel até o último segundo.
Em pensar que eu imaginava que seria impossível deixar de te amar, por que você estava em tudo a minha volta, desde o bom dia ao boa noite. Mas não, você não é a primeira coisa que eu lembro quando ouço uma música (nem mesmo “Aonde quer que eu vá”), ou jogo xadrez, ou olho as estrelas. Você não tem ideia de como isso tem sido é reconfortante.
Eu finalmente entendi que a única pessoa de quem eu preciso para ser feliz, sou eu. É libertador ver que não preciso de alguém, que eu sou autossuficiente. Se um dia eu for realmente amada, como um dia eu esperava ser, vai ser ótimo, caso contrário, vai ser ótimo também.
Esse é o motivo de te escrever hoje e, embora você nunca vá ler isso, me sinto melhor por estar colocando meus sentimentos em palavras.
Eu poderia dizer que torço pela sua felicidade ou pela sua infelicidade, por que isso é irrelevante para mim, mas isso me parece meio cruel.
Então, finalmente adeus!

Com carinho,
N.P.

N.P

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