Foi uma noite incrível, impossível de esquecer. Uma das mais felizes, guardada à margem do meu consciente, para que eu possa revivê-la em minha imaginação sempre que as coisas ficarem um pouco difíceis demais aqui. Quando a saudade apertar demais, tirar o fôlego, partir o coração. Quando as lágrimas quiserem liberdade e começarem a escorrer pelo meu rosto, esse que um dia você achou tão perfeito, apesar das minhas negações quanto à isso. Te amei, te quis e sonhei com nosso futuro até o sol nascer e eu ter que voltar pra minha vida monótona e você, pra sua, sempre agitada. Desde então, guardo o casaco que você esqueceu, esperando o dia que voltará para buscá-lo e me perguntando porquê você ainda não o fez. Ele tem seu cheiro. Ás vezes acho que até mesmo eu ainda tenho o seu cheiro, impregnado ao meu corpo depois daquela nossa última noite juntos. Ás vezes me encontro imaginando como seria se, por um momento, você tivesse sequer cogitado ficar mais um pouco, não sair pela porta do meu apartamento aos primeiros raios de sol da aurora. Como seria se você estivesse ainda aqui, segurando meu rosto entre suas mãos cálidas, me fazendo te amar um pouco mais a cada dia. Mas eu tenho que parar, em algum momento. Porque dói mais do que você pode imaginar. Porque não é real, nunca vai ser. Você fez sua escolha e, independentemente de como me sinto com isso, está feliz, ou pelo menos eu espero que esteja.
Porque eu não estou.