De Novo, Para Acabar...

De Novo, Para Acabar...

Me lembro de ter escrito uma carta exatamente como essa uns três anos atrás! Faz esse tempo todo MESMO? Não consigo ver a diferença que esses poucos anos fizeram na minha vida. Cheguei até a procurar minha antiga carta aqui e bateu uma completa nostalgia daquele sentimento fofinho daquela época. Foi verdadeiro, foi bom. Eu trocaria muita coisa para ser aquela menina de antes, sentindo algo por aquela pessoa de novo. O fato é, sentimentos realmente somem. Lembro que escrevi a antiga carta no ápice da primeira coisa grande que eu senti. Depois de sentir tanto, chorar, me enraivecer, quase enlouquecer e adorar...passou. Eu olho para a pessoa hoje com uum extremo carinho e uma lembranças divertidas. Isa de 2016...você ia conhecer outras pessoas, viver outras coisas. Você VAI fazer tudo isso. Pareceu que nunca ia acabar, mas acabou. E isso não significa uma coisa ruim.
Dessa vez a carta é para outra pessoa. Não a primeira. Aquela foi maravilhosa, aquela foi engraçada, divina e surpreendente de se acompanhar. Nunca me imaginei perdendo o juízo e sentindo tudo aquilo. Até agora não senti de novo. Eu quero falar sobre o Vitor, é, vamos chamar ele assim.
Para ele: por mais que eu saiba que em algum MÍSERO ponto do seu ser você é, de verdade, uma pessoa boa, você é alguém cego e completamente oblíquo. Ou talvez você seja apernas normal, como qualquer outra pessoa que olha na direção errada pensando ser a certa. Não digo que eu era a certa, digo que você fez muitos julgamentos, sempre com bases em opiniões alheias. Já pensou que poderia ter sentado e falado comigo? "Oi, Isabella", já bastava. Nunca fui um bicho de sete cabeças, embora todos me digam que sou extremamente complicada. Não sou. Falo de pão, do vento, do meu tênis rasgado, do comercial que passou na tv. Nunca precisei de uma conversa incrível, como se fosse uma entrevista de emprego e você tinha que mostrar seu melhor para mim para que eu lhe desse atenção. Não faço questão por alguém absurdamente incrível, faço questão de pessoas espontâneas, porque EU sou uma delas. Você nunca falou, nunca deu chance de falar, e eu nunca entendi o motivo. Você sabia que naquela época que veio falar comigo eu era a criatura mais tímida da FACE DA TERRA? Pode imaginar a razão de eu não ter conseguido ser a criatura mais confiante do mundo para flertar com você, conversar com você...? Eu não ERA assim. E você tem o quê? Raiva? Raiva DE MIM? Por ser tímida? Já pensou que eu QUERIA algo e só não tinha coragem? Qual o seu problema, afinal? O que eu fiz de TÃO cruel para você? O QUE EU FIZ DE TÃO CRUEL? Me dá vontade de rir ao escrever isso, porque ao escrever isso eu percebi que foi tudo com você. Você nunca moveu uma palha, mesmo querendo. Esperava no porto os navios chegarem com os marinheiros. Eu sou de mar aberto, meu caro. Não sou de poça; é uma pena que você nunca tenha visto isso. Sou marinheiro e mar, mar bravo, forte, para se mergulhar, se afogar, ser varrido. Você achou e até hoje acha, eu suponho, que eu sou poça bem rasa, sem água, sem vida, só superfície. O engraçado é que, quem você julgou ser mar, te levou de volta para a areia, não para conhecer o oceano inteiro, não para descobrir visões de mundos tão complexos.
Não é raiva, Vitor, é incompreensão. Na época que eu te beijei eu estava completamente louca por outra pessoa. Foi para ela que eu pedi que falasse com você, lembra? Naquela noite a única coisa que eu pensei (sobre aquela outra pessoa) foi: "Como essa pessoa tá linda. Acho que eu nunca a vi tão bonita em toda a minha vida. Como se reluzisse." Mas não tive problemas. Eu era--sou--tímida, mas nunca reneguei meus atos.
Eu sugiro, como síntese de tudo isso, o seguinte: Como muitas pessoas falam, "poderíamos ter dado certo". Como amigos ou qualquer outra coisa, eu sei que sim, nós daríamos muito certo como muita coisa. Eu não precisava que fosse amor; como disse, eu só queria conversar. Não aja com tanto orgulho, tudo bem? E fale, fale muito. Eu sou a prova viva de que, quando não falamos, nossos atos são interpretados de maneira tão errada quanto quando dizemos certas coisas. É, os seres humanos são complicados.
Vitor, fale. Com a próxima pessoa, não julgue antes de 3, 10, 18 conversas. Conheça, prove, duvide, viva. Eu aprendi tanto nesse tempo todo...Você acabou na minha mente por muito tempo. Não foi paixão, não mesmo. Eu senti isso uma vez, não era nem perto. Mas SENTI algo por você, e senti MESMO. Escrevo para você para acabar, para cortar isso, cortar esses pensamentos sobre você, cortar meus pensamentos em geral. Sem mágoas, sem rancor. Sinta-se à vontade para dizer "Oi, Isabelle", qualquer dia da sua vida. Não para algo mais, só para conversar, porque eu sou assim. Pão, vento, tv do domingo, último jogo do clube para o qual torcemos. Falar.
Coisas que eu queria que você tivesse sabia, que você soubesse:
* Torcemos pelo mesmo clube
*Eu sou a timidez em pessoa
*Sempre achei você bonito
*Eu adoro escrever
*Tenho histórias que durariam noites e litros de lágrimas para contar.
*Não sou uma criatura superficial e calada. Sou extremamente decidida. Silenciosa, sim, mas que escuta, viciada em aprender.
*Tenho um péssimo senso de humor, mas adorto piadas sem graça e estúpidas. Eu rio (por dentro).
*Não considero você mal, apenas estúpido em muitas atitudes. Cego. Tão, tão cego.
* Você também foi uma das razões para aquela época ter sido a pior e a melhor da minha vida, POR ISSO, eu terei um carinho eterno. Você foi um dos personagens do meu livro. Poderia ter continuado nas continuações, poderia voltar. Ou foi, simplesmente, um dos que não são tão importantes. Personagens de alguns parágrafos, como eu também para você.
Adeus, Vitor. Você acaba um ciclo. Fica bem, ok?

Isabelle.L

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