Querido Theus,

como o tempo voa, não é mesmo? Um ano e meio já se passou e muita coisa aconteceu. Sabe, hoje mesmo estava refletindo em como o destino é engraçado. Moramos longe um do outro, seria quase impossível nos conhecermos mas, ainda assim, nos conhecemos e nos tornamos bons amigos.
Naquela época eu estava desacreditada no amor e você havia acabado de se machucar com um. Aprendi tanto com você! E quando dei por mim, estava sentindo algo que nunca senti antes por ninguém. Era um sentimento que mal cabia em meu peito. Guardo com carinho aquele momento que considero meu maior tesouro: a primeira vez em que o vi.
Eu tinha tantas dúvidas, tantas inseguranças, mas quando vi você correndo na passarela da estação de trens e nossos olhos se cruzaram pela primeira vez percebi o que eu sentia: amor. Ainda me lembro do seu sorriso, seu perfume, seu calor ao me abraçar... Como você era alto!
Mas isso não é um conto de fadas. Sempre fomos diferentes demais, e você ainda a amava. Não havia espaço para mim. Guardei esse sentimento o máximo que pude, até enfim ter coragem de te contar. Mas, como eu disse antes, nunca houve um espaço para mim. Eu seria somente sua "Irmãzinha".
O tempo passou, você hoje está namorando outra garota, mas eu queria te contar sobre minha maior mentira: eu nunca te esqueci, nunca desisti de você, mesmo quando jurei que isso tinha passado. Eu só disse aquilo porque não queria perdê-lo.
Matheus, o destino me foi generoso e me deixou encontrá-lo três vezes. Luto contra o tempo para não perder essas memórias, não quero esquecer seu sorriso, seu cheiro. Eu ainda o amo. Me desculpa por mentir, mas eu tentei. Juro que tentei, mas meu coração ainda palpita, quando recebo uma notificação sua.
Espero pelo dia em que meus sentimentos cheguem a você. Até lá, me contentarei com meus pedaços de memória e todas as cartas que o escrevi e não enviei.

Com amor, J.D.C