Sobre o livro

As questões, tópicos de discussão e sugestões de leituras apresentados a seguir foram elaborados para aperfeiçoar a sua discussão em grupo de Um dia, de David Nicholls. “Inteligente, engraçado, sagaz e, por vezes, insuportavelmente triste” (The Times), Um dia é um best-seller internacional. A versão cinematográfica será lançada em julho — com roteiro do autor, dirigida por Lone Scherfig (Educação) e estrelada por Anne Hathaway (como Emma) e Jim Sturgess (como Dexter).

Sobre o livro
Conhecidos de vista dos tempos de universidade, Emma Morley e Dexter Mayhew passam a noite da formatura juntos. É dia
15 de julho de 1988 e o futuro é uma incógnita. Dexter, o filho bonitão e confiante de uma família abastada, quer “ser bem- -sucedido […] aproveitar a vida ao máximo, mas sem confusões nem complicações” [pág. 19]. Emma está decidida a se manter coerente com seus ideais e suas paixões esquerdistas, mas não sabe bem como fazer isso. Os dois se separam no dia seguinte, com vagas promessas de se manterem em contato. Dexter parte em uma viagem para conhecer o mundo, e Emma volta à casa da família de classe média baixa, em Leeds, para pensar no que fará a seguir. Durante os vinte anos seguintes eles continuarão pensando um no outro, às vezes vão se encontrar e reacender uma relação que nenhum dos dois consegue explicar nem esquecer.

Um dia reúne Dexter e Emma a cada ano no aniversário da primeira noite que passaram juntos. Os dias 15 de julho tornam-se o retrato de um tempo e de um lugar específicos, uma crônica irresistível e às vezes hilariante sobre os namorados de cada um, as carreiras que procuram, a cultura que os influencia e as oportunidades que aproveitam ou desperdiçam. À medida que as histórias se desenrolam, David Nicholls explora de forma brilhante a interação entre personalidade e destino que molda nossas vidas.

Questões para discussão

Até que ponto os pensamentos e suposições de Emma a respeito de Dexter [págs. 16-17] e a visão que Dexter tem de Emma [págs. 18-19] baseiam-se em simples estereótipos no imaginário de cada um? De que maneiras eles expressam suas reflexões mais objetivas? O quanto suas considerações são precisas? O encontro inicial entre os dois faz com que o leitor simpatize mais com um dos personagens? De que maneira o sexo do leitor, suas experiências e preconceitos afetam seus sentimentos a respeito de Emma e Dexter?
O que determina a trajetória de Emma depois da universidade? É honesta a explicação de Emma quanto à razão de acabar trabalhando num restaurante brega mexicano — “havia uma recessão, as pessoas se aferravam aos seus empregos [...] o governo tinha cancelado as bolsas de estudo” [pág. 63-64]? Será que as circunstâncias não ajudaram e “a cidade tinha vencido”? Ou ela é responsável pela situação em que se encontra?
Na carta que não chegou a enviar, Dexter escreve: “Acho que você tem medo de ser feliz [...] gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil [...]” [pág. 50]. Como a opinião que Dexter tem de Emma pode se comparar com a opinião que ela tem de si própria? Dexter é mais lúcido em relação a ela do que em relação a si mesmo? Será que Emma subestima seus talentos e seu potencial?
Apesar do tom descuidado, a carta de Dexter revela algumas dúvidas ou apreensões a respeito dele?
A ascensão meteórica de Dexter na televisão muda a dinâmica da relação entre Dexter e Emma? Que aspectos do relacionamento permanecem inalterados? Qual é o peso das coisas que eles dizem naquele fim de tarde em Primrose Hill [págs. 68-79]? E, talvez mais importante, do que eles não dizem? Você ficou surpreso ao ver os dois passando férias juntos na Grécia no ano seguinte? Qual tem mais consciência das tensões sexuais e tentações que eles vivenciam e se sente mais afetado por elas?
4a. No filme, o local das férias muda para Dinard, na França. Como a diretora LoneScherfig extrai a beleza e a tensão romântica dessa nova paisagem?
Será que a visão idílica que Dexter faz de seu futuro [pág. 19] se concretiza na segunda parte, “Vinte e tantos anos” (capítulos seis a nove)? De que maneira a realidade de sua vida é um comentário irônico sobre suas expectativas? O comportamento dele é uma forma de sabotar a própria felicidade? Discuta, por exemplo, a visita aos pais [págs. 123-138]; a humilhante estreia em Madrugada adentro [págs. 175-176]; os modos rudes e hostis no jantar com Emma [págs. 191-208]; e as desculpas e racionalizações superficiais com que explica os seus atos [pág. 187]. O que se pode vislumbrar de seu lado mais vulnerável? Esse comportamento o torna um personagem mais cativante?
5a. No filme, como o ator Jim Sturgess consegue cativar a nossa empatia por Dexter?
“Aos vinte e sete anos Emma se pergunta se está ficando velha” [pág. 118]. Os
sentimentos de Emma quanto aos prós e contras de ser “adulta” parecem sinceros? Como explicar a relação de Emma com Ian? Será que ela está querendo se enganar (e enganar Ian)? Apesar da impaciência com o namorado e suas rotinas cômicas sem graça, os sentimentos de Emma por Ian são verdadeiros?
No desastroso jantar do dia 15 de julho de 1995, Emma declara: “Dexter, eu
te amo muito [...] e provavelmente sempre amarei. Só que eu não gosto mais
de você. Sinto muito” [pág. 206]. Dexter percebe que foi o seu comportamento que provocou aquela ruptura? Ele se importa? Será que o jantar poderia ter terminado de outra forma?
Quando Dexter conhece Sylvie Cope, o narrador resume: “Apesar disso tudo, dos reveses da vida profissional, Dexter está bem, porque se apaixonou por Sylvie, a linda Sylvie [...]” [pág. 244]. Como esse novo namoro abre os olhos de Dexter para novas possibilidades e um caminho diferente na vida? Que lacunas Dexter não consegue entender no relacionamento com Sylvie, e por quê? Quais as consequências disso no curso do casamento?
8a. Como o casamento com Sylvie é dramatizado na tela? A adaptação do roteiro faz um resumo do relacionamento, mas será que conserva seu significado na vida de Dexter?

Leitura sugerida

Margaret Atwood, Moral Disorder; Charles Baxter, The Feast of
Love; Amy Bloom, Where the God of Love Hangs Out; Jonathan
Coe, The Closed Circle; Jonathan Dee, The Privileges; Joshua
Henkin, Matrimony; Nick Hornby, Juliet, Naked; Jonathan
Lethem, Chronic City; Ian McEwan, Saturday; Lorrie Moore,
A Gate at the Stairs; Tony Parsons, Man and Boy; John Updike