testeRomance inédito de Elena Ferrante chega às livrarias em março

Com narrativas poderosas, a misteriosa escritora italiana Elena Ferrante é uma das principais vozes femininas da atualidade. Os volumes da série Napolitana e as obras A filha perdida e Uma noite na praia conquistaram leitores em todo o mundo e já somam mais de 5 milhões de exemplares vendidos. Primeiro romance da autora, lançado originalmente em 2012, o delicado e perverso Um amor incômodo chega às livrarias em 20 de março.

Na obra, Delia retorna a sua cidade natal para enterrar a mãe, Amalia, encontrada morta numa praia em circunstâncias suspeitas: a humilde costureira que se acostumou a esconder a beleza com peças simples e sem graça estava vestindo nada além de um sutiã caro e sofisticado no momento da morte.

Uma série de telefonemas e encontros estranhos leva a revelações perturbadoras a respeito dos últimos dias de Amalia e impele Delia a buscar a verdade por trás do trágico acontecimento. Avançando pelas ruas caóticas e sufocantes da Nápoles de sua infância, a filha vai confrontar os três homens que figuraram de forma proeminente no passado da mãe: o irmão irascível de Amalia, conhecido por lançar insultos indistintamente a conhecidos e estranhos; o ex-marido, pai de Delia, um pintor medíocre que não se importava em desrespeitar a esposa em público; e Caserta, uma figura sombria e lasciva, cujo casamento nunca o impediu de cortejar outras mulheres.

Na mistura desorientadora de fantasia e realidade suscitada pelos sentimentos que vêm à tona nessa investigação, Delia se vê obrigada a reviver um passado cuja crueza ganha contornos vívidos na prosa refinada de Elena Ferrante. Uma história pungente sobre mãe e filha unidas por um complicado nó de mentiras e emoções.

 

>> Leia um trecho de Um amor incômodo:

Minha mãe se afogou na noite de 23 de maio, dia do meu aniversário, no mar de um lugar chamado Spaccavento, a poucos quilômetros de Minturno. Precisamente naquela área, no final dos anos cinquenta, quando meu pai ainda morava conosco, alugávamos no verão um quarto em uma casa de temporada e passávamos o mês de julho dormindo os cinco em poucos metros quadrados escaldantes. Toda manhã, nós, meninas, comíamos ovos crus, partíamos rumo à praia por trilhas de terra e areia ladeadas por juncos altos e íamos tomar banho de mar. Na noite em que minha mãe morreu, a dona da casa, que se chamava Rosa e já tinha mais de setenta anos, ouviu alguém bater à porta, mas não abriu temendo ladrões e assassinos.

Minha mãe pegara o trem para Roma dois dias antes, em 21 de maio, mas nunca havia chegado. Nos últimos tempos, vinha ficar comigo durante alguns dias pelo menos uma vez por mês. Eu não gostava de ouvi-la pela casa. Ela acordava ao raiar do dia e, seguindo seus hábitos, lustrava de cima a baixo a cozinha e a sala de estar. Eu tentava voltar a dormir, mas não conseguia: enrijecida entre os lençóis, eu tinha a impressão de que, enquanto ela se ocupava, meu corpo era transformado no de uma menina enrugada. Quando chegava com o café, eu me encolhia em um canto para evitar que ela tocasse em mim ao se sentar na beirada da cama. A sociabilidade dela me incomodava: saía para fazer compras e se enturmava com os comerciantes com os quais, em dez anos, eu não havia trocado mais do que duas palavras; ia passear pela cidade com alguns conhecidos ocasionais; fazia amizade com meus amigos, aos quais contava histórias de sua vida, sempre as mesmas. Com ela, eu só sabia ser contida e insincera.

Voltava para Nápoles ao meu primeiro sinal de intolerância. Recolhia suas coisas, dava uma última arrumada na casa e prometia que logo retornaria. Eu andava pelos cômodos rearrumando ao meu gosto tudo o que ela havia disposto ao gosto dela. Retornava o saleiro ao compartimento no qual eu o guardava havia anos, devolvia o detergente ao lugar que sempre me pareceu mais adequado, bagunçava sua ordem dentro das minhas gavetas, devolvia ao caos o aposento onde eu trabalhava. Também o cheiro da sua presença — um perfume que deixava a casa com uma sensação de inquietude — passava depois de um tempo, como o de uma rápida chuva de verão.

Muitas vezes, ela perdia o trem. Geralmente chegava no trem posterior, ou até mesmo no dia seguinte, mas eu não conseguia me acostumar a isso e ficava preocupada do mesmo jeito. Ligava para ela, aflita. Quando finalmente ouvia sua voz, a repreendia com certa dureza: como assim não havia partido, por que não me avisara? Ela se justificava sem empenho, questionando em tom divertido o que eu achava que poderia acontecer na sua idade. “De tudo”, eu respondia. Sempre imaginei uma trama de emboscadas tecida de propósito para fazê-la sumir do mundo. Quando criança, enquanto ela estava fora, eu a esperava na cozinha, atrás da janela. Ficava ansiosa esperando ela reaparecer no fim da rua, como uma figura em uma bola de cristal. Eu respirava junto ao vidro, embaçando-o, para não ver a rua sem ela. Se demorava, a ansiedade se tornava tão irrefreável que transbordava em tremores no meu corpo. Então, eu fugia para um quartinho de despejo sem janelas e sem luz elétrica, bem ao lado do quarto dela e do meu pai, fechava a porta e ficava no escuro, chorando em silêncio. O cômodo funcionava como um antídoto eficaz. Inspirava-me um terror que mantinha sob controle a ansiedade em relação ao destino da minha mãe. No breu sufocante por causa do cheiro do pesticida eu era agredida por formas coloridas que lambiam por poucos segundos as minhas pupilas, deixando-me sem fôlego. “Quando voltar, mato você”, eu pensava, como se tivesse sido ela a me deixar fechada ali dentro. Mas, assim que eu ouvia sua voz no corredor, esgueirava-me para fora rapidamente e ficava rodeando-a com indiferença. Voltou-me à mente aquele quartinho de despejo quando descobri que ela partira no horário correto, mas ainda não havia chegado.

À noite, recebi o primeiro telefonema. Minha mãe disse com um tom tranquilo que não podia me contar nada: havia um homem com ela que a impedia de fazer isso. Depois, começou a rir e desligou. Na hora, prevaleceu a perplexidade. Achei que estava brincando e me resignei a esperar por um segundo telefonema. Deixei as horas passarem em conjecturas, sentada inutilmente ao lado do telefone. Só após a meia-noite procurei um amigo policial, que foi muito gentil: disse para eu não me preocupar, ele cuidaria de tudo. Mas a noite passou sem notícias da minha mãe. De concreto, havia apenas sua partida: a sra. De Riso, uma vizinha viúva da mesma idade dela com a qual minha mãe alternava havia quinze anos períodos de boa vizinhança e de inimizade, disse-me ao telefone que a acompanhara à estação. Enquanto minha mãe estava na fila da bilheteria, a viúva comprara para ela uma garrafa de água mineral e uma revista. O trem estava lotado, mas, mesmo assim, minha mãe encontrara um lugar à janela em um vagão abarrotado de militares de licença. Despediram-se, recomendando-se que se cuidassem. Como ela estava vestida? Como de costume, com as roupas que usava havia anos: saia e blazer azul-escuros, uma bolsinha de couro preto, velhos sapatos de salto médio, uma maleta surrada.

Às sete da manhã, minha mãe telefonou outra vez. Embora eu a tivesse bombardeado de perguntas (“Onde você está? De onde está ligando? Quem está com você?”), ela se limitou a desfiar em voz muito alta uma série de expressões obscenas em dialeto, enunciando-as com prazer. Depois desligou. Aquelas obscenidades me causaram uma regressão desorientadora. Liguei novamente para o meu amigo, surpreendendo-o com uma mistura confusa de italiano e expressões dialetais. Ele quis saber se minha mãe andava particularmente deprimida nos últimos tempos. Eu não sabia. Admiti que ela não era mais como antigamente: tranquila, pacatamente divertida. Ria sem motivo, falava demais; porém, os idosos muitas vezes fazem isso. Meu amigo concordou: acontecia com frequência que os velhos, ao primeiro sinal de calor, fizessem coisas estranhas. Não havia motivo para preocupação. Mas eu continuei a me preocupar e percorri a cidade de cima a baixo, procurando sobretudo nos lugares em que eu sabia que ela gostava de passear.

O terceiro telefonema foi às dez da noite. Minha mãe falou confusamente de um homem que a seguia para levá-la embora enrolada em um tapete. Pediu que eu fosse correndo ajudá-la. Supliquei que me dissesse onde estava. Ela mudou de tom, respondeu que era melhor não. “Tranque-se, não abra a porta para ninguém”, alertou. Aquele homem queria fazer mal a mim também. Depois, acrescentou: “Vá dormir. Agora vou tomar banho.” Não se ouviu mais nada.

No dia seguinte, dois rapazes viram o corpo de minha mãe boiando a poucos metros da praia. Vestia apenas o sutiã. A mala não foi encontrada. O tailleur azul-escuro não foi encontrado. Não foram encontrados nem mesmo a calcinha, as meias, os sapatos, a bolsinha com os documentos. Mas, no dedo, estavam o anel de noivado e a aliança. Nas orelhas, os brincos que meu pai lhe dera de presente meio século antes.

Vi o corpo e, diante daquele objeto lívido, senti que talvez devesse me agarrar a ele para não acabar sei lá onde. Não fora violado. Apresentava apenas algumas equimoses causadas pelas ondas, bastante suaves, aliás, que o empurraram durante toda a noite contra algumas rochas na superfície da água. Em volta dos olhos, pareceu-me haver traços de maquiagem pesada. Observei longamente, com incômodo, as pernas morenas, extraordinariamente jovens para uma mulher de sessenta e três anos. Com o mesmo incômodo, percebi que o sutiã nada tinha em comum com aqueles bastante gastos que ela costumava usar. As taças eram de renda fina e mostravam os mamilos. Eram unidas por três Vs bordados, a assinatura da loja das irmãs Vossi, uma marca napolitana cara de lingerie para senhoras. Quando o devolveram para mim, com os brincos e os anéis, cheirei-o por muito tempo. Tinha o forte aroma de tecido novo. [Leia +]

testeOs melhores verões da vida

 

Os verões são repletos de histórias inesquecíveis. E Aconteceu naquele verão é o livro ideal para mostrar como a estação mais quente do ano pode ser única. Seja em um cinema em vias de fechar, em um loop temporal, ou em um acampamento com os amigos, o livro mostra, em doze histórias apaixonantes de escritores queridos pelo público jovem, como Stephanie Perkins, Cassandra Clare e Veronica Roth, que o amor não escolhe hora nem lugar para acontecer.

Para listar algumas das histórias incríveis do livro, pedimos a ajuda de nossos blogueiros parceiros. Confira:

 

Amor é o último recurso – Jon Skovron

Jon Skovron criou um narrador que engana o leitor de tal maneira que, ao terminar o conto, é impossível não ficar com um sorriso no rosto.

A grande lição de “Amor é o último recurso” é destinada às pessoas que acham que o amor é baboseira, inútil, fútil, quando, na realidade, é ele o responsável por ligar tantas culturas diferentes e tornar nosso mundo e nossa existência mais fáceis de suportar. E se estar apaixonado é tolice, que sejamos tolos, “porque se formos todos tolos, talvez haja alguma sabedoria nisso que chamamos de amor”.

(Fonte: De cara nas letras)

 

Em noventa minutos, vá em direção a North – Stephanie Perkins

Marigold e North, protagonistas do conto, também aparecem em O presente do meu grande amor, e eu fiquei supercuriosa para saber o início da história desses dois. A intensidade dos sentimentos deles é cativante, e o modo como a autora consegue mostrar, pelos olhares e gestos de cada um, o quanto eles se gostam me tocou profundamente. Eu compreendi toda a insegurança de Marigold e fiquei com o coração apertado durante toda a leitura. Depois de sentir tudo o que senti ao ler esse texto, fui obrigada a colocá-lo na lista.

(Fonte: Conjunto da obra)

 

Inércia – Veronica Roth

“Inércia” se passa em um mundo distópico onde as pessoas que estão prestas a morrer têm a chance de reviver suas memórias com algum ente querido escolhido por ele. Mais especificamente, quando alguém vai passar por um procedimento cirúrgico e tem grandes chances de morrer, o paciente escolhe uma pessoa e, momentos antes da cirurgia, se conecta à ela através das memórias. Essa tecnologia é chamada de Última Visita.

Esse conto me encantou principalmente por dois motivos: o primeiro deles é a questão do pano de fundo distópico, mesmo que sendo apenas um detalhe no romance principal. Faz muito tempo que não leio distopias, mesmo sendo um dos meus gêneros favoritos. O segundo ponto é o fato de falar sobre doenças psicológicas.

Não é segredo pra ninguém que qualquer livro que traga visibilidade aos neuroatípicos entra fácil na minha lista de indicações, e esse conto é um deles. Mais uma vez me vi muito na personagem da Claire e nos conflitos que ela passou quando se descobriu depressiva, e também na aceitação que foi rolando aos poucos.

(Fonte: Poesia destilada)

 

Nova atração – Cassandra Clare

Meu conto preferido foi “Nova atração”, escrito por Cassandra Clare. Podem me julgar, mas eu nunca tinha lido nadinha dela nessa vida. E, meu Deus, que experiência maravilhosa!

A história desse conto se passa em um parque de terror itinerante, com atrações bem peculiares e uma pequena variedade de brinquedos. Nesse parque vive Lulu, filha do dono do parque. Porém, o pai dela some misteriosamente, e como o lugar estava passando por problemas financeiros, Walter, tio da jovem, passa a administrar o negócio da família. Lulu acaba se aproximando de Lucas, enteado de Walter, e juntos eles vivem as mais diversas aventuras.

O que mais gostei nessa história foi o fato de se passar em um parque de terror. Sou extremamente medrosa, mas mesmo assim eu tenho vontade de conhecer um parque desses. Além disso, Cassandra escreveu seu conto com maestria, nos mostrando que às vezes os monstros são mais reais do que a gente imagina.

 (Fonte: Procurei em sonhos)

 

O mapa das pequenas coisas perfeitas – Lev Grossman

Fechando o livro com chave de ouro, temos “O mapa das pequenas coisas perfeitas”, de Lev Grossman. Começando de maneira clichê, fazendo inclusive alusão a um dos meus filmes favoritos, Feitiço do Tempo, nesta história conhecemos Mark, um adolescente que está preso em um loop temporal em que todo dia é 4 de agosto.

Não tenho palavras para descrever esse conto, que me deu um soco no estômago. Foi golpe baixo mencionar um filme que tanto amo, e ainda por cima inserir no enredo essa busca por momentos perfeitos, que foi incrível demais. Adorei os questionamentos levantados pelos personagens sobre o que acontece no resto do mundo todo santo dia, a cada minuto, enquanto levamos a nossa vida. Além disso, eles também refletem sobre o que é possível fazer quando se tem tempo de sobra e quando as nossas ações não geram consequências. Certamente uma trama para nos fazer pensar e que irá conquistar todos vocês.

(Fonte: Recanto da Mi)

 

E você? Qual o seu conto favorito de Aconteceu naquele verão?

teste6 dicas para identificar um relacionamento-furada

Todos os relacionamentos são únicos. Cada um tem sua esquisitice e tudo bem. Vamos combinar que no início enxergamos tudo como se tivéssemos atingido a felicidade absoluta, mas o tempo passa e começamos a perceber problemas que podem piorar se jogarmos para debaixo do tapete. 

Para não cair numa furada, listamos algumas dicas da nossa conselheira Isabela Freitas, autora de Não se apega, nãoNão se iluda, não Não se enrola, não. Se você se identifica com um ou mais tópicos dessa lista, talvez seja a hora de seguir em frente e partir para outra:

 

1- Você precisa dar um gelo para que a outra pessoa repare em você.

 

Temos uma notícia: talvez essa pessoa não se importe tanto assim, e não sinta falta de ter aquelas longas conversas ou de virar a noite com você.

 

2- A pessoa diz que seus sonhos são impossíveis.

NÃO! Não acredite nisso. Você é uma pessoa ótima e não deixe que te desmotivem. As pessoas que dizem isso são aquelas que não têm capacidade de sonhar.

 

3- Tem ciúme e desconfiança.

Quando a pessoa desconfia de você ou fala mal dos seus amigos, fique alerta: ciúme não segura ninguém ao seu lado. Pelo contrário.

 

4- Nem todo mundo que sorri para você é alguém que mereça seu carinho.

A carência impulsiona a loucura. Nem todo mundo é tão legal assim e está disposto a agarrar todas as chances que você der. Se não agarrou de primeira — no máximo de segunda —, desista.

 

5- Pare de tentar justificar as atitudes ruins do outro.

Por mais que a gente tente se blindar, é preciso encarar a realidade, que às vezes é bem cruel.
E por último, mas não menos importante…

 

6- Não insista em algo que não dá certo.

Fazer isso é o mesmo que dizer a si próprio: “Não sou capaz de ter algo melhor”. Mas sabe de uma coisa? Você é capaz, sim!

teste10 livros para aproveitar o Carnaval

Para curtir entre um bloco e outro, para levar na bagagem ou para fugir da agitação: separamos dez leituras para você aproveitar esses cinco dias de Carnaval.

 

Pequenas grandes mentiras, de Liane Moriarty

Um misterioso crime aconteceu em uma festa à fantasia. Enquanto as investigações e fofocas transcorrem, acompanhamos a história de três mulheres, cada uma diante de sua encruzilhada particular. Reunindo na mesma cena ex-maridos e segundas esposas, mães e filhas, bullying e escândalos domésticos, o romance de Liane Moriarty inspirou a nova série da HBO: Big Little Lies, com Reese Witherspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley. A trama explora com habilidade os perigos das meias verdades que todos contamos o tempo inteiro. [Leia +]

 

A viúva, de Fiona Barton

Leitura perfeita para quem gosta de thrillers como Garota exemplar, de Gillian Flynn. O celebrado romance de estreia da jornalista Fiona Barton reconstrói um crime imperdoável por meio de três perspectivas diferentes (a viúva do suspeito, o detetive que lidera a investigação e a jornalista que cobre o caso) ao mesmo tempo em que faz uma análise impiedosa de um relacionamento complexo.

Na trama, Jean Taylor deixou de contar, ao longo dos anos, muitas coisas sobre o terrível crime do qual o marido era suspeito. No entanto, após um acidente cheio de enigmas, o marido está morto, e Jean não precisa mais representar o papel de esposa perfeita. [Leia +]

 

Uma pergunta por dia

Há quem diga que o ano só começa depois do Carnaval. Então se você ainda não está registrando suas memórias de 2017, o momento não poderia ser melhor!

Uma pergunta por dia convida o leitor a anotar, todos os dias, suas respostas a uma variedade de questões, das mais simples às mais complicadas, como “Para onde você quer fazer sua próxima viagem?” ou “Escreva a primeira linha da sua autobiografia”. Em cada página há espaço para cinco respostas, uma por ano, ao longo de cinco anos. Com o passar do tempo, quando voltar a um dia já anotado, você encontrará seus pensamentos anteriores, num exercício divertido e construtivo de recordar e refletir. 

 

Paris para um e outros contos, de Jojo Moyes

Nada melhor para relaxar do que dez histórias divertidas e apaixonantes escritas por Jojo Moyes, autora de romances inesquecíveis como A última carta de amor e Como eu era antes de você.

No conto que dá título ao livro, a jovem Nell planeja um final de semana romântico em Paris com o namorado e fica sabendo, já na estação de trem, que ele desistiu de acompanhá-la. Sozinha em um país estrangeiro, Nell descobre uma nova versão de si mesma, independente e corajosa. Já em “Lua de mel em Paris”, que fecha a coletânea, Jojo Moyes brinda os leitores com um reencontro com as personagens do best-seller A garota que você deixou para trás, Liv e Sophie, que, separadas por algumas décadas, acreditam que o casamento é apenas o início de suas histórias de amor.

 

Como eu era antes de você, de Jojo Moyes

Falando em Jojo Moyes, se você ainda não leu Como eu era antes de você aproveite o feriado! A história de amor de Will e Lou emocionou leitores do mundo inteiro e chegou aos cinemas ano passado em uma adaptação bem fiel estrelada por Emilia Clarke e Sam Claflin.

Mas se você já leu, nossa dica é a continuação Depois de você. [Leia +]

 

Matéria escura, de Blake Crouch 

Você é feliz com a vida que tem? Essas são as últimas palavras que Jason Dessen ouve antes de acordar num laboratório, preso a uma maca. Neste novo mundo, ele leva outra vida. Sua esposa não é sua esposa, seu filho nunca nasceu e, em vez de professor numa universidade mediana, ele é um gênio da física quântica que conseguiu um feito inimaginável. Algo impossível. Será que este é mesmo seu mundo, e o outro é apenas um sonho? E, se esta não for a vida que ele sempre levou, como voltar para sua família e tudo que ele conhece por realidade?

Com ritmo veloz e muita ação, Matéria escura é uma criação de Blake Crouch, também autor da trilogia Wayward Pines, que deu origem à série de TV exibida pela FOX. [Leia +]

 

Cinquenta tons mais escuros, de E L James

Para celebrar a estreia da segunda parte do romance de Christian Grey e Anastasia Steele nos cinemas, lançamos uma edição especial de Cinquenta tons mais escuros com capa inspirada no cartaz do filme. Além disso, a nova edição tem fotos e comentários de E L James sobre os bastidores das gravações e um trecho antecipado de Cinquenta tons mais escuros pelos olhos de Christian, próximo romance da autora. [Leia +]

 

Aconteceu naquele verão, organizado por Stephanie Perkins

Bem-vindos à estação mais ensolarada e apaixonante de todas! No verão, somos todos iguais, diz um dos personagens do conto “Mil maneiras de tudo isso dar errado”. Em qualquer lugar do mundo, uma coisa é certa: no verão, nossos corações ficam mais leves, mais corajosos, impetuosos e confiantes — talvez por isso esta seja a estação perfeita para se apaixonar…

Ideal para quem adora história de amor, Aconteceu naquele verão reúne doze contos apaixonantes e surpreendentes de doze escritores amados como Cassandra Clare e Veronica Roth. Com as mais diversas referências que agradam desde o leitor mais romântico até os fãs do seriado Black Mirror. [Leia +]

Série O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares

Com fotografias sinistras e uma narrativa emocionante, o sombrio universo criado por Ransom Riggs conta a história de Jacob Portman, um garoto de 16 anos, que precisa superar a misteriosa morte do avô e parte em busca de respostas.

Em O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares, Jacob segue as pistas deixadas pelo avô que o levam a um casarão abandonado numa remota ilha do País de Gales. O local abrigava crianças com dons sobrenaturais, protegidas graças à poderosa magia da diretora, a srta. Peregrine. Nas sequências Cidade dos etéreos e Biblioteca de almas acompanhamos a batalha de Jacob e seus companheiros na batalha pela sobrevivência dos peculiares.

 

Não se enrola, não, de Isabela Freitas

“Enrolar-se: pensar de um jeito e fazer exatamente o contrário.” Após Não se apega, não e a sequência, Não se iluda, não, Isabela Freitas mostra em seu terceiro livro os primeiros passos de seus personagens na vida adulta, com toda a independência e as responsabilidades que ela proporciona. [Leia +]

testeAs fases do medo com Five Nights at Freddy’s: Olhos prateados

Por Marcela de Oliveira Ramos *

Acho que sou a pessoa mais medrosa do mundo: tenho pavor de trem fantasma, passo longe de filmes de terror (quando vou ao cinema, as pessoas se assustam mais com meus gritos do que com os monstros), e quando fico em casa sozinha deixo todas as luzes acesas. Então, é claro que fui a escolhida para cuidar da produção de Five Nights at Freddy’s: Olhos prateados.

Até que fiquei animada com toda essa ideia de testar meus limites, confrontar meus medos e rir na cara do perigo. Embarquei com tudo! Eu sabia que tiraria de letra, afinal, o que poderia haver de tão aterrorizante em uma história sobre uma pizzaria abandonada com bonecos animatrônicos do tamanho de pessoas de verdade?????

Tudo começou com o jogo, Five Nights at Freddy’s. A princípio parece tranquilo, são apenas câmeras de segurança filmando a pizzaria vazia, à noite. O design é retrô, e o jogador não tem muito o que fazer, apenas fechar a porta e acender a luz. Mal sabia eu que essa combinação era mais assustadora do que um psicopata com uma serra elétrica. Essa coisa de ficar parada só olhando, o silêncio, o escuro… quando eu menos esperava…

Olar.

Sem contar todas as teorias da conspiração por trás do jogo… Que história é essa de assassinatos misteriosos dentro da pizzaria? Crianças desaparecidas? Mas como assim os clientes começaram a sentir cheiro podre vindo dos bonecos??????

Já vi que vai ser ótimo!

Comecei o livro! Logo na primeira cena tem perseguição, sangue, fliperamas velhos e um golpe de gancho.

Mas tudo bem! Aquilo foi só um sustinho pra criar um clima. A história mesmo começa com um grupo de adolescentes se reunindo para a cerimônia em homenagem ao amigo que morreu dez anos antes num incidente dentro da Pizzaria Freddy Fazbear’s. E o que esses jovens bonitos, estilosos e inteligentes resolvem fazer? Voltar à pizzaria abandonada para investigar, claro.

Também achei uma ótima ideia!

Lá dentro, vocês acham que os amigos encontram o quê? Pizza de calabresa saindo do forno?

Eles encontram terror, escuridão, poeira, mofo, brinquedos quebrados e… bonecos assassinos.

E aí começou meu verdadeiro desespero. A pizzaria escondia vários mistérios. Cada porta trancada era um susto diferente. Aqueles bonecos sinistros me fizeram repensar toda a minha infância. E, claro, o grupo, como bons jovens em perigos, só sossegou quando o completo caos estava instaurado.

Passei todo o período da produção do livro andando assim pela editora:

E cada vez que alguém me chamava para falar qualquer coisa, meu coração parava. 

“Marcela, vamos almoçar?”

Mas se você me perguntar o que achei de tudo isso, vou responder apenas:

MANDA MAISSS

As revelações finais são surpreendentes e a história toda é muito emocionante!

Principalmente para quem ficou com a pulga atrás da orelha com os mistérios do jogo. 

Se virei fã de histórias de terror? Vamos dizer apenas que fiquei fascinada por essa pizzaria aterrorizante e pelo que esses bonecos monstruosos são capazes de fazer!

 

*Marcela de Oliveira Ramos é editora assistente de livros jovens da Intrínseca, adora gifs e, curiosamente, desde que trabalhou em Five Nights at Freddy’s: Olhos prateados nunca mais pôs os pés numa pizzaria.

 

teste10 anos de A menina que roubava livros ou o que aconteceu em 2007

Crédito: Pausa para um café

Enquanto o Rio de Janeiro se organizava para receber os Jogos Pan-Americanos, a dupla Sandy & Junior anunciava o fim de sua carreira, Tropa de Elite estreava nos cinemas e o iPhone chegava às prateleiras, os leitores brasileiros foram apresentados à emocionante história de A menina que roubava livros.  Agora, em 2017, a obra de Marcus Zusak comemora dez anos, e muitos leitores, além de ficarem assustados ao verem como o tempo passou voando, relembraram a importância do livro em suas vidas.

 

 

 

 

 

 

Para comemorar o aniversário, perguntamos aos nossos blogueiros qual é a relação deles com o livro.

Tayná Coelho, do Olhando Por Aí

“Em 2011, eu havia acabado de ler A menina que roubava livros e estava encantada! Não parava de falar sobre o livro para todo mundo no trabalho e uma colega pediu emprestado. Emprestei no último dia de trabalho antes do feriado de Páscoa. Ela, que estava com uma bolsa pequena, deixou o livro na mesa, pretendendo levar para casa na segunda. No domingo de Páscoa, fui acordada por uma outra colega informando que havia tido um incêndio no prédio em que trabalhávamos. Ficamos todos muito tristes, e a empresa ficou uns dez dias sem funcionar até acharmos um local provisório. Pois bem, quando voltamos a trabalhar, já em outro local, minha colega me contou que havia deixado o livro no escritório e tudo o mais. Fiquei triste, mas tudo bem, ela não tinha como saber. Uns dias depois, o pessoal subiu os vinte e três andares do prédio incendiado para buscar as coisas que ficaram para trás. Eu não tinha muitos pertences na minha mesa, então não fui. Ela foi e achou o livro. Por sorte, ela tinha posto um caderno em cima dele. Como nosso andar só foi atingido pela fumaça, nada queimou, mas tudo ficou preto e fedorento. Ela trouxe o livro: estava com uma faixa preta na capa, mas o restante estava perfeito. O caderno era um pouco menor que o livro e só por isso não o protegeu completamente da fuligem. Apesar de ela ter se oferecido para comprar outro, decidi manter o livro que sobreviveu a um incêndio. Depois de limpá-lo, nem dá para dizer que ele passou por essa aventura.”

 

Raffa Fustagno, do A Menina que Comprava Livros:

“O nome do meu blog, que este ano está completando sete anos, é inspirado no livro de Marcus Zusak. Tive o prazer de conhecer o autor na Bienal de 2007, e ele foi maravilhoso comigo: além de autografar, fez desenhos e perguntou o que eu achava do livro…  Ele também perguntou se eu tinha um blog, e eu disse que não. Só colocaria o A Menina que Comprava Livros no ar três anos depois. Mas virei fã do Marcus Zusak, já li todos os livros e ainda sonho com a volta dele ao Brasil, porque naquele dia o lindo autógrafo foi no livro da minha tia. Me arrependo até hoje de não ter comprado um exemplar para mim e de ter levado o dela.”

Maidy, do Dear Maidy:

A menina que roubava livros foi o primeiro drama que li e o primeiro livro da Intrínseca que comprei! HAHAH Ou seja, amor duplo! Foi um livro que me fez ficar comovida e apaixonada com histórias da Segunda Guerra Mundial, que me fez chorar horrores imaginando toda a dor dos judeus e que me deixou em choque com tantas coisas que aquela garotinha passou! É sem dúvida, até hoje, o melhor drama que já li e é um livro que vou carregar para sempre no coração. A obra me mostrou a importância da leitura em momentos de crise e me ensinou que todos podemos ser fortes, mesmo não sabendo a força que temos!”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Núbia Esther de Oliveira Miranda, do Blablabla Aleatório:

“Meu primeiro encontro com a Liesel ocorreu da forma mais despretensiosa possível. Em 2008 eu morava em Brasília e dividia o apartamento com mais duas garotas. Em um final de semana que fiquei sozinha em casa e não tinha nada para ler, fui no quarto das meninas ver se tinha algo perdido por lá e encontrei um livro de um autor desconhecido com uma capa minimalista e linda (livro com cheiro e aparência de novo ainda). Comecei a ler ali mesmo. Naquele dia, noite e madrugada, a primeira leitura daquele exemplar de A menina que roubava livros foi roubada por mim, e em troca ela me roubou várias e várias lágrimas e deixou um saudosismo eterno. Anos depois, minha irmã comprou um exemplar para nossa pequena biblioteca e acabamos também tendo nossa Liesel roubada — pena que não foi por apenas um dia, noite, madrugada. O título realmente inspirou uma menina a roubá-lo de nós!”

Crédito: Pausa para um café

Raquel Araujo, do Por uma Boa Leitura:

“Esse foi um dos primeiros livros da minha coleção, que antes só se resumia aos paradidáticos do colégio. Me lembro de ver a capa na livraria e ler na contracapa:  ‘Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.’ Fiquei tão impressionada com essa frase que precisei comprar. Minha edição é a primeira! A história é tão tocante que devorei o livro. Além do enredo maravilhoso, A menina que roubava livros se passa durante a Segunda Guerra, um período histórico sobre o qual eu adoro ler. Me emocionei com a Liesel, guardei comigo o seu segredo como ‘ladra de livros’ e chorei junto com ela no final. O que mais me chama a atenção na obra é a relação dela com o pai. Simplesmente lindo de ver! Talvez aos dezesseis, dezessete anos eu não tivesse maturidade suficiente para entender toda a dimensão da história. Já reli três vezes e sempre me apaixono um pouquinho mais. LIVRÃO DE RAIZ!!!!!!!!!!!!”

testeComo frustrações e preconceitos podem destruir uma família

Por Luana Freitas*

A partir da trágica história de uma menina morta, Tudo o que nunca contei revela os segredos mais bem guardados de uma família de ascendência chinesa nos Estados Unidos na década de 1970

Eu adoro trabalhar no texto dos livros, pois cada um é um mergulho ímpar em uma nova realidade e traz uma série de descobertas. O último que me deixou fascinada foi Tudo o que nunca contei, de Celeste Ng (autora também de Pequenos incêndios por toda parte). Como o título já entrega, ele é centrado em uma série de segredos que sustenta a tensa relação de uma família. Tudo é permeado de silêncios, omissões e até fingimento. Quando Lydia, a filha preferida do casal Lee, some e depois se descobre que ela está morta, o tênue equilíbrio que mantinha o véu de suposta harmonia da família se desfaz, e agora cada um empreende sua busca por respostas sobre quem realmente era a adolescente e o que poderia tê-la levado a assumir um comportamento tão perigoso que culminou na sua morte.

Mas há um detalhe importante aqui: a história se passa na década de 1970, então estamos falando de uma investigação pré-revolução da telefonia celular e outras tecnologias. Nada de Instagram, Facebook e troca de mensagens de WhatsApp para tentar descobrir qual de fato era a personalidade de Lydia e com quem ela mantinha contato. Nada de celular com GPS para rastrear seus últimos movimentos. Câmeras em ruas e lojas que pudessem registrar seu comportamento e humor? Esqueça.

Também há uma questão de suma relevância para o drama de nossos personagens: James Lee, pai de Lydia, é filho de chineses chegados ilegalmente aos Estados Unidos. Apesar de ser americano, ele carrega consigo o peso do preconceito contra asiáticos na década de 1970 e a dor de nunca se sentir integrado, aceito. São os risos e dedos apontados na rua, a promoção que não veio, a necessidade de se casar em um estado que não considere crime a união de pessoas de raças diferentes. Isso porque Marilyn, sua mulher, é branca, a típica menina americana da década de 1970, criada para ser uma boa dona de casa, esposa e mãe — lembremos que nessa época a presença da mulher no mercado de trabalho ainda não era algo comum. Só que Marilyn tem um sonho: ser independente, ter uma carreira de sucesso como médica. E ela quase chegou lá: conseguiu entrar para a faculdade, estava se dando bem nas disciplinas, mas justo quando faltava pouco para se formar ela se vê grávida.

Crédito: Kevin Day

Isso tudo faz de Lydia, a filha do meio desse casal com uma história tão conturbada, alguém que precisa encontrar estratégias para lidar com o fato de ser diferente em uma época especialmente cruel com aqueles que não se enquadravam no padrão americano de aparência — e em uma fase da vida por si só complexa: a adolescência. Como se isso não bastasse, ela se vê obrigada a compensar os pais pelas frustrações, anseios e inseguranças que cada um carrega, violentando a própria identidade na tentativa de ser quem eles desejam que ela seja.

Para mim, a grande surpresa do livro foi descobrir que ele não é exatamente um thriller: não importa tanto quem ou o que matou Lydia e logo na primeira linha o leitor já sabe que ela está morta. O interessante é acompanhar a dinâmica que compõe essa família, ver como as relações e principalmente o background cultural da época moldaram cada personagem, levando-os à ruína. Se há medo aqui, é o de se identificar com algumas dores dos personagens, já que eles sofrem visceralmente com questões que nos afligem ainda hoje, como aceitação, integração, a pressão gerada pela expectativa dos outros e, o pior, o temor de descobrir que o sonho que o mantém vivo, aquilo que se acredita determinar quem você é, não passa de ilusão, apenas faz de você um ridículo.

*Luana Freitas é editora assistente de ficção e não ficção estrangeiras. Estuda tradução e até hoje se espanta com o universo de descobertas que faz ao trabalhar com livros.

testeLançamento de A verdade é teimosa no Rio de Janeiro

Fotos CRISTINA GRANATO

A jornalista Míriam Leitão lançou A verdade é teimosa: diários da crise que adiou o futuro na Livraria da Travessa Leblon, no Rio de Janeiro. A noite de autógrafos reuniu leitores, convidados e amigos da autora.

Em seu novo livro,  Míriam examina os antecedentes que levaram à recessão, à desordem fiscal e à inflação, bem como aos momentos mais agudos da crise econômica em si, em mais de cem colunas publicadas em O Globo entre 2010 e 2016.

Confira a galeria de imagens do evento. Fotos de Cristina Granato.