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4 regras simples para viver melhor

31 / janeiro / 2017

Por Pedro Staite e Rebeca Bolite* 

A vida não é um suquinho de uva com três cubos de gelo à nossa espera. Talvez seja para alguns, e estamos livres para odiar essas pessoas. Para a maioria, no entanto, a vida é um gigantesco novelo de lã que precisamos desembaraçar (sem saber muito bem por quê), extremamente complexo, e cujos momentos de tranquilidade são tão raros que nos tornamos seres humanos desacostumados ao ócio.

Em momentos de paz, você pensa “O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?”: é o seu cérebro acostumado à correria e com saudades do Só Pra Contrariar.

É claro que, independentemente da época, a vida nunca foi fácil. Mas dá a impressão de que conseguimos complicar ainda mais, não dá? Para nossa sorte, os pesquisadores Donald Sull e Kathleen M. Eisenhardt decidiram dedicar a carreira a um objetivo bem-vindo: como simplificar a vida.

Após mais de uma década de testes e estudos, a dupla conseguiu estabelecer seis categorias de regras para simplificar diversos pontos da nossa rotina, lançando mão de uma quantidade inacreditável de exemplos interessantes. Dessa odisseia pelo comportamento humano, nasceu o livro Regras simples.

E quais são essas regras? Observe enquanto eu passo os slides sobre quatro.

 

Regras de limite, ou “quanto menos opções, melhor”

No livro, os pesquisadores nos ensinam a definir uma ou poucas opções na hora de tomar uma decisão. Um dos exemplos mais curiosos é a maneira como, segundo estudos, os ladrões “elegem” a casa que querem roubar. Você pode até pensar que o ladrão verifica se a casa tem câmeras de segurança ou cães de guarda. No fim das contas, ele só não quer que tenha uma pessoa ali dentro. Ele quer roubar uma casa, não fazer uma visita. De acordo com uma pesquisa canadense feita com presidiários, o fator mais importante para os ladrões era que não houvesse um carro na garagem. Ou seja, até ladrões estabelecem regras de limite para definir seus alvos.

E minha avó passou a vida confundindo a cabeça dos ladrões, ao deixar a luz da sala acesa quando saía de casa (na falta de um carro, ela se defendeu como pôde).

 

Regras de tempo, ou “a tranquilidade tem hora marcada”

Essas regras funcionam em ocasiões em que hábito e periodicidade são fundamentais. Pensemos na Pixar, estúdio de animação digital. O primeiro longa-metragem da empresa foi Toy Story. O filme vencedor do Oscar foi um imenso sucesso, mas, infelizmente, o estúdio precisava de cerca de quatro anos para criar um produto desses, capaz de atender o elevado padrão de qualidade Pixar.

No entanto, lançar um longa a cada quatro anos não é exatamente um grande negócio. Parte da solução da empresa foi estabelecer regras de tempo:

Uma definia um lançamento anual para que o negócio fosse viável.

Uma segunda era fazer estreias no começo da temporada de festas de fim de ano — um dos dois picos anuais de famílias indo ao cinema, quando as receitas de bilheteria e as vendas de produtos relacionados disparam.

Definir essas regras foi fundamental para que a Pixar se estabelecesse como um dos grandes estúdios de animação. Gostou de Divertida Mente? Agradeça às regras simples: se não fossem elas, a Pixar continuaria a produzir só de quatro em quatro anos e esse filme, o 15º da Pixar, só estrearia em 2051.

 

Regras de priorização, ou “o empurrãozinho para descer pelo gargalo”

Esse tipo de regra é aplicado em geral quando não há recursos suficientes e é necessário definir quem ou o que vai receber a atenção, o dinheiro ou o tempo em jogo. Como no caso do seu tempo livre e da reforma da sua casa.

Os autores ensinam uma forma simples para você compreender o que é mais importante: o cinema, a visita aos avós, comprar o presente do seu chefe ou colocar o sono em dia (afinal, não dá para visitar os avós, tirar um cochilo, roubar a prataria deles e dá-la de presente para o seu chefe no cinema de uma vez só).  

Da mesma maneira, no caso da reforma, quando há pouco dinheiro, aprendemos a decidir entre os armários novos, a troca do piso da cozinha ou pintar as paredes. Não tenho dúvidas de que não fui o único a preferir não fazer nada diante dessas situações de escassez de recursos.

 

Regras de interrupção, ou “mais vale uma omelete na frigideira do que um pássaro na mão (ou dois voando)”

Grilos-do-campo fêmeas vivem um dilema romântico. Elas vivem pouco, mas precisam escolher um parceiro e procriar para passar seus genes. Ou seja, elas têm que definir em um tempo curto quando parar de procurar o par perfeito e sossegar. Incrivelmente, esses insetos definiram regras simples de interrupção da busca baseadas nas frequências dos sonzinhos que os companheiros emitem. Elas iniciam a busca por um grilo Pavarotti, mas, à medida que o tempo passa, um grilo Rogério Flausino começa a ficar de bom tamanho. A vida é curta.

E esse é um problema muito comum na vida dos seres humanos, em diversas áreas: quando parar de procurar e escolher? Capitalistas de risco precisam de regras para definir quando parar de investir em determinada ação ou negócio, e atletas profissionais precisam decidir quando interromper a carreira, por exemplo. Nesse capítulo, Eisenhardt e Sull nos ensinam a definir regras simples para saber quando parar de tentar.

A esta altura, você já deve ter uma boa ideia de como são as regras simples e como elas funcionam. No livro, os autores ainda ajudam a definir que tipo de regra se aplica ao seu caso e como criar suas próprias regras.

>> Leia um trecho de Regras simples

 

Pedro Staite e Rebeca Bolite escreveram este texto em parceria. O Pedro adorou Divertida Mente, a Rebeca só achou bonzinho. O Pedro não respeitou a opinião da Rebeca, mas a Rebeca não perguntou nada para o Pedro.

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