Pedro Gabriel

O guardanapo de vidro

14 / novembro / 2016

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Na semana passada, fui convidado para fazer uma intervenção na vitrine da livraria Martins Fontes. Localizada na Avenida Paulista, talvez a calçada mais movimentada de São Paulo, a livraria tem uma imensa janela de vidro, onde volta e meia algum artista é convidado a deixar sua inspiração fluir. Fui o sortudo da vez.

Como nunca havia feito um desenho nessa proporção — até então meu território criativo não passava do limite de 9cm x 13cm dos meus guardanapos —, fiquei bastante inseguro para aceitar esse desafio. Mas aceitei. Tudo tem que começar em algum momento. A bem da verdade, as fronteiras da sensibilidade são ilimitadas. E inimitadas. Afinal, cada um tem sua forma de sentir. Cada um tem sua forma de se encaixar no mundo e de querer dialogar com ele. Encontrei a minha.

Escolhi um desenho que respeitasse algumas regras:

1) Simplicidade: a arte deveria seguir o universo que criei para o personagem Antônio. Ou seja, deveria manter o casamento da palavra com o traço. Por isso, além de escolher um desenho já presente no meu novo livro, Ilustre Poesia, resolvi também colocar um verso inédito para levar um pouco de poesia aos pedestres que estão sempre na correria entre uma reunião e um almoço de negócio.

2) Visibilidade: a arte deveria ser grande o bastante para chamar a atenção e poder ser vista de dentro da livraria, mas sem ofuscar o conteúdo da vitrine: os livros.  Quis algo que mantivesse a transparência. Esta deveria ser a relação do autor com o leitor: ser sempre transparente.

Enquanto ganhava coragem para começar minha arte, bati papo com alguns leitores que me reconheceram durante o processo e respondi a uma minientrevista para o mestrado de uma leitora. A pedido dela, levei alguns originais dos guardanapos para ela poder ter uma noção de como são feitos realmente. Enfim, mais do que um dia de criação, foi uma oportunidade de estar em contato ao vivo com meus leitores.

Em poucas horas, terminei minha intervenção. Agora, à minha frente, um imenso guardanapo de vidro se faz vivo. Dois rostos desconhecidos, vestidos de mar, se dão as mãos e esperam sua visita. Então, querido leitor, querida leitora, se você passar pelo número 509 da Avenida Paulista, faça um autor feliz: tire uma foto e coloque a hashtag #ilustrepoesianapaulista. Estamos combinados?

Comentários

Uma resposta para “O guardanapo de vidro

  1. Olá, Pedro Gabriel. Estive na Martins Fontes na última sexta-feira especialmente para conferir sua intervenção. Para mim, leitora e praticamente “amiga” do Antônio, estar próxima desse desenho foi como materializar esse personagem que vive dentro de mim e, acredito eu, de muitos outros leitores.

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