testeAconteceu naquele verão chega às livrarias em janeiro!

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No verão, nossos corações ficam mais leves, mais corajosos, impetuosos e confiantes — talvez por isso esta seja a estação perfeita para se apaixonar. E Aconteceu naquele verão é o livro ideal para quem adora histórias de amor. Nesses doze contos, que vão do romance ensolarado aos mais surpreendentes toques de mistério, estranheza e sobrenatural, você vai se encantar pelos personagens e torcer para que todos tenham seu final feliz.

Parques de diversão, montanhas, lagos secretos, shows de rock, colônias de férias e até mesmo outras dimensões. Em “Cabeça, escamas, língua, calda”, a lagoa de uma cidadezinha é morada de um monstro marinho que só uma menina vê. No intrigante “Inércia”, que será adaptado para os cinemas, dois grandes amigos há muito afastados vão se encontrar num quarto de hospital para uma última visita. No belo “O mapa das pequenas coisas perfeitas” é sempre dia 4 de agosto. Presos num loop temporal, dois jovens vão comprovar do que a força do amor é capaz.

A lição é simples: o amor não escolhe lugar nem hora para surgir. Coloque seus óculos escuros e abra sua cadeira de praia, porque neste verão você terá doze motivos para suspirar e se apaixonar.

Lev Grossman, Nina LaCour, Veronica Roth, Jon Skovron, Jennifer E. Smith, Leigh Bardugo, Francesca Lia Block, Libba Bray, Brandy Colbert, Cassandra Clare, Tim Federle e Stephanie Perkins esperam vocês para torcer por ensolarados finais felizes em Aconteceu naquele verão, que chega às livrarias a partir de 23 de janeiro.

testeNovo livro de Joël Dicker, autor de A verdade sobre o caso Harry Quebert, será publicado em janeiro

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O novo livro do premiado escritor suíço Joël Dicker chega às livrarias 9 de janeiro e revisita seu personagem mais emblemático: Marcus Goldman, protagonista do best-seller mundial A verdade sobre o caso Harry Quebert.

Em O livro dos Baltimore, acompanhamos a inesquecível juventude de Marcus Goldman em Baltimore, ao lado dos primos e dos tios, a parte bem-sucedida de sua família e que ele tanto admirava. Mas a felicidade aparente não condizia com a realidade, e o dia do Drama marcou o destino fatídico e inesperado de todos aqueles que ele mais amava.

Oito anos depois, Marcus ainda tenta montar o quebra-cabeça do Drama, lidar com as consequências e entender o que aconteceu. Desencavando o passado, reacendendo paixões e desvendando mistérios, ele decide escrever o próximo romance sobre sua família, numa tentativa de se libertar de antigos ressentimentos e redimir aqueles que foram punidos pelos infortúnios da vida.

Rivalidade, traição, sucesso, paixão e inveja: abordando temas presentes na vida de todos nós, Joël Dicker constrói brilhantemente o retrato de uma juventude, destacando a força do destino e a fragilidade de nossas maiores conquistas.

testeMe Conte Seus Segredos

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Nos fins de tarde, me largava no balanço da árvore para não ouvir nada além do vento, não pensar em nada além do tempo que se arrastava preguiçoso, e meus olhos se demoravam no galho que me sustentava. Quantas vezes me perguntei se me sustentaria de fato ou se não acabaria me largando no meio de uma balançada e sairia voando

para nunca mais voltar.

Pobre galho, aguentando bravamente o peso dos meus nadas balançando para lá e para cá! Não me admiraria rompesse de supetão.
Mas ele nunca rompeu.
Havia um rangido, verdade, mas o som me trazia serenidade. Não poderia ser protesto. Me soava uma compreensão:
“Eu…
Entendo.”
“É…
Verdade.”
“Me conte…
seus…
segredos.”

Eu ouvia os rangidos no galho e, quanto mais alto chegava com o balanço, mais meus pés alcançavam as nuvens. Quanto mais perto das nuvens, mais longe do mundo, e eu já podia contar meus segredos, enfim. E te pedir que me contasse também os seus. Não seria justo assim?
Conte seus segredos. Não confia em mim? Me conte o que guarda mudo, quem é dono do teu sim?
Diga. Fale mais sobre você. Seu silêncio é displicente ou ele tem um porquê?
Me conte seus segredos. Aqueles mal guardados. Sei que há os intocáveis, esses vou respeitar. Algumas gavetas são só suas.
Outras não posso
te ajudar a arrumar?
Trocar segredos é fazer-se cúmplice, comparsa, parceiro. Contei uns meus ao galho bravo e ele me deu também uns seus, como se tivesse me contado primeiro.

Saía do balanço em um salto
nada mortal,
me despedindo do meu ouvinte.
Lamentava que não saísse voando
ao largar as cordas

para voltar
no dia seguinte.

testeLivros para uma Comic Con épica!

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Entre os dias 1 e 4 de dezembro a Intrínseca estará na CCXP – Comic Con Experience, o maior evento geek da América Latina! Além do Papo Nerd ao vivo no sábado, 03/12, nosso estande terá uma decoração especial (que vocês podem ver os bastidores em nosso Snapchat: ed.intrinseca) e livros que todo tipo de geek vai adorar. Confira a nossa seleção para o evento:

1. Deuses americanosde Neil Gaiman:Deuses americanos é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução. [Leia +]

2. Alerta de risco, de Neil Gaiman: Um escritor sofisticado cujo gênio criativo não tem paralelos, Gaiman hipnotiza com sua alquimia literária e nos transporta para as profundezas de uma terra desconhecida em que o fantástico se torna real e o cotidiano resplandece. Composto de 25 contos repletos de estranheza e terror, surpresa e diversão, Alerta de risco é um tesouro que conquista a mente e agita o coração do leitor. [Leia +]

3. Lugar Nenhum, de Neil Gaiman: Publicado pela primeira vez em 1997, a partir do roteiro para uma série de TV, o sombrio e hipnótico Lugar Nenhum, primeiro romance de Neil Gaiman, anunciou a chegada de um grande nome da literatura contemporânea e se tornou um marco da fantasia urbana. Ao longo dos anos, diferentes versões foram publicadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, e Neil Gaiman elaborou, a partir desse material, um texto que viesse a ser definitivo: esta Edição Preferida inclui um texto de introdução assinado por Gaiman, uma cena cortada e um conto exclusivo. [Leia +]

4. História da sua vida e outros contos, de Ted Chiang: Ícone da ficção científica contemporânea é publicado pela primeira vez no Brasil em coletânea que inclui o conto que inspirou o filme A Chegada. Os oito textos reunidos em História da sua vida e outros contos ganharam no total nove importantes prêmios, dentre eles Nebula, Hugo, Locus, Sturgeon, Sidewise e Seiun. [Leia +]

5. Unidos somos um, de Pittacus Lore: O aguardado desfecho da série Os Legados de Lorien, repleto de surpresas e reviravoltas de tirar o fôlego. A guerra entre a Garde e os mogadorianos, que por tanto tempo ocorreu em segredo, tornou-se um conflito global. [Leia +]

6. Nimona, de Noelle Stevenson: Protagonizada pela anti-heroína mais surpreendente, Nimona é uma graphic novel fora dos padrões. Uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas Nimona não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão. [Leia +]

7. Legado,de Hugh Howey: No último volume da série Silo, as escolhas de Donald e Juliette podem mudar o mundo… ou extingui-lo de vez. Em Legado, Juliette se torna prefeita do Silo 18, que está se recuperando de uma rebelião. Seu governo encontra grande resistência por causa da controversa escavação para resgatar os supostos sobreviventes do Silo 17, uma empreitada vista com desconfiança que está espalhando o medo entre os moradores do Silo 18. Como se isso não fosse um desafio grande o bastante, Juliette também recebe transmissões de Donald, a voz que alega ser líder do Silo 1 e está disposta a ajudar — mas é capaz de fazer ameaças horríveis. [Leia +]

8. As Chamas do Paraíso, de Robert Jordan: Antigas instituições caem por terra e novas alianças se formam, pois o Dragão Renascido provoca mudanças por onde passa. Heróis lendários se juntam à história no novo volume de A Roda do Tempo, uma das mais extraordinárias séries já escritas. [Leia +]

9. Faca de água, de Paolo Bacigalupi: Num futuro árido e tumultuado, acontece uma guerra entre governos, órgãos públicos e empresários, na qual vale tudo para conseguir água. Nesse cenário surge Angel, um mercenário com a missão de cortar e desviar o fornecimento de água a mando de quem paga mais. Lucy é uma jornalista premiada que decidiu revelar para o mundo a realidade da Grande Seca. Maria é uma jovem cuja vida foi destruída pelos efeitos das mudanças climáticas. Quando o direito de usar a água significa dinheiro para alguns e sobrevivência para outros, o que esses três personagens não sabem é que seu encontro é um marco que poderá mudar tudo. [Leia +]

10. Welcome to Night Vale, de Joseph Fink e Jeffrey Cranor: O podcast Welcome to Night Vale conta as histórias da cidade de Night Vale, uma amistosa comunidade no meio do deserto onde todas as teorias da conspiração são reais. No formato de um programa de rádio, Cecil Palmer, locutor da rádio comunitária, informa a todos as pequenas estranhezas da pacata cidadezinha — onde fantasmas, anjos, alienígenas e agências governamentais misteriosas e ameaçadoras fazem parte do cotidiano dos cidadãos. Desta vez, a chegada de um homem de paletó bege faz com que as vidas de duas mulheres, cada uma com seu mistério, vire de cabeça para baixo. [Leia +]

11. Aceitação, de Jeff Vandermeer:  É inverno na Área X, a misteriosa região selvagem que há trinta anos desafia explicações e repele pesquisadores de expedição após expedição, recusando-se a revelar seus segredos. Enquanto sua geografia impenetrável se expande, a agência responsável por investigar e supervisionar a área — o Comando Sul — entra em colapso. Uma última e desesperada equipe atravessa a fronteira, determinada a alcançar uma remota ilha que pode conter as respostas que eles tanto procuram. Último livro da trilogia de ficção científica Comando SulAceitação conecta os dois livros anteriores, Aniquilação e Autoridade, em capítulos breves e acelerados, narrados da perspectiva de personagens cruciais. Página após página, os mistérios são aos poucos solucionados, mas as consequências e as implicações dos acontecimentos passados jamais serão menos profundas ou aterrorizantes. [Leia +]

12. O universo numa casca de noz, de Stephen Hawking:Nesse que é um dos maiores clássicos do pensamento científico moderno, Stephen Hawking utiliza ilustrações, fotos e esquemas detalhados para mostrar grandes descobertas no campo da física teórica. Tudo isso, é claro, com sua reconhecida clareza, elucidando temas complexos por meio de conceitos e ideias do dia a dia, como inflação, cartas de baralho e linhas ferroviárias, e permeado com seu peculiar senso de humor. [Leia +]

testeO que gera a desigualdade?

Conheça os tópicos centrais de O capital no século XXI, obra de Thomas Piketty

Rennan da Rocha *

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[Fonte: Social Europe]

Há dois anos, O capital no século XXI emergia no Brasil como o mais improvável dos best-sellers. Lançado com pouco destaque na França em 2013, a obra de Thomas Piketty causou grande repercussão no ano seguinte graças à tradução para o inglês. Em poucos meses vieram edições em diversas línguas — como a publicada pela Intrínseca em novembro de 2014, traduzida pela economista Monica Baumgarten de Bolle —, o que transformou o texto em fenômeno global.

De uma hora para outra, todos pareciam estar lendo e discutindo a mais importante obra do professor da École des Hautes Études en Sciences Sociales. Façanha notável para um tratado econômico de mais de 600 páginas que discorre sobre o aumento da desigualdade global e cujo título faz referência direta a Karl Marx. Além das virtudes de um texto didático e elegante, o sucesso da obra de Piketty se deve sobretudo à situação do mundo que o lia: deprimido pelo colapso financeiro de 2008, chacoalhado por movimentos como o Occupy Wall Street e escandalizado pelo poder e pela riqueza detidos pelo 1% mais rico da população. Como afirmou o Nobel de Economia Paul Krugman na New York Review of Books, “O capital no século XXI mudará tanto a forma como pensamos a sociedade quanto como praticamos economia.”

Confira alguns dos tópicos centrais sobre esse divisor de águas no debate do pensamento econômico contemporâneo.
 

Do que fala O capital no século XXI?

O livro reconstitui a evolução da distribuição de renda e de riqueza nos últimos duzentos anos, sobretudo em países desenvolvidos, onde há mais dados disponíveis, como Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha. A obra não menciona o Brasil, pois Piketty e seus colaboradores não conseguiram convencer a Receita Federal a divulgar dados anônimos sobre os contribuintes daqui.

A partir dessa análise, o autor conclui que a desigualdade tem crescido em ritmo acelerado nas últimas décadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, os 10% mais ricos abocanharam praticamente metade da renda distribuída no país entre 2000 e 2010, contra uma parcela abaixo de 35% na década de 1970. Mas Piketty ressalta que não se trata apenas de um fenômeno de desigualdade salarial, exposta pelos bônus nababescos de banqueiros e CEOs na chamada “Corporate America”. O avanço da renda extraída do capital é muito mais acelerado do que o dos salários, e essa riqueza está sendo distribuída de forma cada vez mais desigual. Na França, por exemplo, 70% da riqueza disponível hoje foi herdada, em oposição a menos de 50% em 1970.  

 

Como a pesquisa para o livro foi feita? 

O principal diferencial da obra é o método de investigação usado para entender como se dava a distribuição de riquezas séculos atrás. Piketty e seus colaboradores, economistas como Anthony Atkinson e Emmanuel Saez, foram pioneiros na combinação de informações de declarações de imposto de renda com outros tipos de dados para estudar a desigualdade. A utilização de informações tributárias permitiu a Piketty analisar a concentração de riquezas nas mãos de um número muito restrito de pessoas (o 1% ou até o 0,1% mais rico a população, por exemplo) que acabava ignorado em pesquisas tradicionais.

Como cereja do bolo, O capital no século XXI também recupera no cânone literário vestígios de uma desigualdade ancestral. “Os romances de Jane Austen e de Honoré de Balzac nos oferecem um retrato impressionante da distribuição da riqueza no Reino Unido e na França de 1790 a 1830. Os dois escritores possuíam um conhecimento íntimo da hierarquia da riqueza em suas sociedades”, observa o autor. 

 

O que gera a desigualdade?

A análise histórica dos dados permitiu a Piketty desenvolver a teoria que é central em seu livro. Segundo ele, a acumulação de riquezas é resultado da relação entre a taxa de remuneração do capital (como o lucro obtido por uma empresa ou o aluguel de um imóvel) e o crescimento econômico. Quando o retorno do capital é maior do que, digamos, a expansão do PIB, a riqueza herdada cresce mais rápido que o surgimento de patrimônio novo, pronto para ir para as mãos de outras pessoas.

“Basta então aos herdeiros poupar uma parte limitada da renda de seu capital para que ele cresça mais rápido do que a economia como um todo. Sob essas condições, é quase inevitável que a fortuna herdada supere a riqueza constituída durante uma vida de trabalho e que a concentração do capital atinja níveis muito altos, potencialmente incompatíveis com os valores meritocráticos e os princípios de justiça social que estão na base de nossa sociedade democrática moderna”, explica o livro, que resume essa dinâmica em outro trecho: “Uma vez constituído, o capital se reproduz sozinho, mais rápido do que cresce a produção. O passado devora o futuro.”

A análise de Piketty apresenta que, desde 1700, o retorno sobre capital tem sido de 4% ou 5% — ou seja, quem investe R$100 costuma lucrar de R$4 a R$5 em um ano. Durante os séculos XVIII e XIX, esse ritmo foi muito maior do que o crescimento econômico. Por isso, esses períodos foram tão marcados pela desigualdade, como mostra o estilo de vida dos personagens de Jane Austen. A industrialização proporcionou maior crescimento produtivo e de renda para os trabalhadores, mas não foi capaz de reequilibrar a equação da desigualdade.

A situação melhora, ironicamente, com as duas guerras mundiais e a Grande Depressão, que, além de estimular a produção, aniquilaram uma parcela significativa da riqueza que estava pronta para ser herdada. Pense, por exemplo, no destino que os imóveis da Berlim nazista teria. A reconstrução europeia no pós-guerra e a adoção de medidas fiscais extremas para financiar esse esforço proporcionaram os chamados Trinta Gloriosos. Nesse ciclo inédito de prosperidade, a geração de novas riquezas foi maior do que o retorno sobre o capital já existente. Por isso, a desigualdade diminuiu no período de 1945 a 1975, argumenta Piketty.     

 

Por que a desigualdade está aumentando hoje?

De acordo com a teoria de Piketty, um rápido crescimento é essencial para frear uma acumulação desigual de riquezas. O problema é que o mundo enfrenta hoje um período de baixo crescimento, não só por causa da crise recente mas também por razões como a estagnação populacional e a ausência de novos saltos tecnológico de produtividade semelhantes aos proporcionados por adventos como a eletricidade ou a linha de montagem. O resultado disso, segundo Piketty, é a volta a um capitalismo patrimonial, com níveis de desigualdade próximos daqueles da Belle Époque europeia e no qual a meritocracia é suplantada, pouco a pouco, por uma dinastia de poucos herdeiros. 

 

O que Piketty propõe para resolver esse problema?

A teoria do economista francês implica uma ideia indigesta (e daí a polêmica envolvendo o livro) para os defensores da famosa “mão invisível” dos mercados: nos últimos séculos, o capitalismo liberal estimulou, salvo em poucos períodos excepcionais, uma concentração desigual de riquezas. A manutenção das democracias, das classes médias e do bem-estar social depende, então, de intervenções que corrijam esse processo. A principal proposta de Piketty é a criação de um imposto global e progressivo sobre capital, a ser implementado por vários países em um esforço coordenado. Ele propõe que as alíquotas iriam de 0,1% a, no máximo, 10% (para fortunas bilionárias, por exemplo). 

“Com ele, é possível evitar a espiral desigualadora sem fim e ao mesmo tempo preservar as forças da concorrência e os incentivos para que novas acumulações primitivas se produzam sem cessar”, concluiu o economista. 

Alguns anos após o lançamento de O capital no século XXI, o argumento de Piketty ganha novo impulso no momento em que um herdeiro bilionário, que observa o mundo do alto do 58º andar de um arranha-céu na Fifth Avenue, se instala no posto que deveria representar o ápice da democracia.    

 

Rennan da Rocha é jornalista.

testeHBO divulga data de estreia de Big Little Lies, série com Shailene Woodley, Nicole Kidman e Reese Witherspoon

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Big Little Lies, série baseada no romance Pequenas grandes mentiras, de Liane Moriarty, estreia em 19 de fevereiro de 2017.

Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres que aparentemente têm uma vida comum em uma pequena cidade da Austrália. Madeline é forte e passional. Celeste é dona de uma beleza estonteante e Jane é uma jovem mãe solteira. Os filhos dessas três mulheres estudam na mesma escola, onde acontece uma misteriosa tragédia.

Na produção, Nicole Kidman dará vida a personagem Celeste, Shailene Woodley interpretará a jovem mãe Jane e o papel de Madeline ficou a cargo de Reese Witherspoon. A direção é de Jean-Marc Vallée, conhecido por Clube de Compras Dallas, Livre e A jovem rainha Vitória. Serão sete episódios.

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testeArnaldo Guinle e as arenas do futebol brasileiro

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(O “novo” Maracanã: Modelo não funciona – Fonte)

Já escrevi aqui que, em 1919, o então presidente do Fluminense, Arnaldo Guinle, inaugurou uma fase importante na história do futebol brasileiro com a construção de estádios com capital privado. O modelo foi copiado por diversos clubes em todo o país. Nos anos 1950, com o Maracanã criou-se um segundo paradigma: a edificação de grandes estádios financiados com dinheiro público. De certa forma, os dois modelos contribuíram para o desenvolvimento do esporte. O primeiro, popularizando-o; o segundo, consagrando o Brasil como um gigante do ramo.

No início do século XXI, surgiu um terceiro paradigma, o das arenas atuais. Os antigos estádios foram modernizados e, por medida de segurança, perderam a capacidade de receber grandes multidões. Nos últimos dias, a sociedade brasileira ficou sabendo o que se passava nos bastidores da construção e/ou reforma de alguns estádios. No dia da prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, a imprensa revelou com destaque que a reforma do Maracanã, com custo de R$ 1,3 bilhão, havia gerado uma mesada ao ex-governador de R$ 300 mil ao longo de um ano.

Mesmo antes da prisão de Cabral, a jornalista Gabriela Moreira já revelara em seu blog que a administração do Maracanã ainda é feita por apaniguados de Cabral. Seu ex-chefe de Segurança, coronel Anderson Fellipe Gonçalves, explora os serviços de segurança e de limpeza no local por preços muito acima do mercado.

Diferentemente dos outros dois, o novo paradigma das arenas ainda não trouxe nenhum benefício ao esporte. Muito pelo contrário. Poucas arenas são rentáveis, os ingressos são caros e as plateias, escassas. Não sou adepto da tese de que a história serve para exaltar o passado e dar bons exemplos, mas o sonho de Arnaldo Guinle, que via o futebol como uma atividade civilizatória, precisa ser resgatado o mais rapidamente possível.

testePaixão, ciúmes, conspirações e muito glamour nas suítes do Ritz

Por Vanessa Corrêa*

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“Quando sonho com uma vida após a morte (…) a ação sempre acontece no Ritz de Paris”, definiu Ernest Hemingway. Assim como o escritor americano, muitas das maiores personalidades do século XX consideravam o luxuoso hotel localizado na Place Vêndome, no coração da capital francesa, um dos cenários mais importantes da época.
untitledDesde a inauguração, em 1898, o Ritz passou a receber em suas suítes e seus salões a nata da sociedade francesa e grandes celebridades mundiais dos círculos artísticos, políticos e literários. De Marcel Proust a F. Scott Fitzgerald, passando por Sarah Bernhardt e Coco Chanel, o hotel sempre exerceu um fascínio entre os poderosos, ricos e famosos e viveu um período especialmente interessante durante a ocupação nazista em Paris, na Segunda Guerra Mundial.

Em junho de 1940, a cidade assistiu perplexa à chegada do exército alemão, e não foi nenhuma surpresa quando os oficiais nazistas mais graduados escolheram o Ritz como sua residência na Paris ocupada. A partir de então, os luxuosos ambientes do hotel, sobretudo o bar, comandado pelo experiente barman Frank Meier, serviram como cenário para casos de amor clandestinos e perigosas conspirações.

Esse período turbulento da história parisiense é retratado em detalhes em O hotel na Place Vendôme, de Tilar J. Mazzeo. Além de narrar os acontecimentos históricos mais importantes presenciados pelos funcionários e hóspedes do hotel desde a inauguração, a autora traçou de forma hábil os perfis de algumas das maiores personalidades da primeira metade do século XX. E todas, de uma forma ou de outra, passaram pelos suntuosos quartos do Ritz.

 

Coco Chanel

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A estilista mais famosa da França já era residente de longa data do hotel Ritz quando a guerra estourou. Antes do conflito, Chanel fez parte do seleto grupo de nobres, artistas e intelectuais que viveram o apogeu do hotel de luxo, nas décadas de 1920 e 1930.

Ao contrário de muitos dos integrantes da elite parisiense, ela não viu motivo para fugir da cidade com a chegada das tropas nazistas, em 1940. Sua principal boutique ficava localizada na rue Cambon, ao lado do Ritz, e, apesar de ter decidido manter a loja fechada durante a ocupação alemã, Chanel continuou morando de maneira bastante confortável no hotel.

Já na casa dos 60 anos, a estilista teve um longo caso amoroso com o oficial alemão Hans Von Dincklage durante o período em que Paris ficou sob domínio nazista. Esse relacionamento e as tentativas de retirar os sócios judeus do controle de sua perfumaria renderam a Chanel acusações de colaboração com o regime nazista, e a estilista foi alvo de investigação das autoridades francesas após a guerra.

 

Ernest Hemingway

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Um dos nomes mais consagrados da literatura americana, Hemingway é até hoje homenageado no Ritz: o famoso bar na lateral do hotel, na rue Cambon, carrega o sobrenome do escritor. De personalidade forte e amante de uma boa farra, ele era presença constante no hotel desde a década de 1920.

Em 1944, nos dias que antecederam a saída das tropas nazistas de Paris, Hemingway e outros correspondentes de guerra iniciaram uma competição para ver quem seria o primeiro a entrar na cidade libertada. O escritor não venceu a corrida, mas posteriormente se gabou diversas vezes de ter sido o responsável pela “libertação” do Ritz, de onde expulsou sem a menor cerimônia oficiais do exército britânico recém-instalados no hotel.

Tendo “libertado” também a valiosa adega do Ritz, Hemingway passou as semanas seguintes bebendo os melhores vinhos franceses em sua suíte, na companhia de amigos como Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre e Robert Capa, enquanto aguardava a chegada da jovem e bela jornalista Mary Welsh a Paris. Foram dias felizes para o escritor, que criou no hotel sua versão particular do paraíso.

 

Robert Capa

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O maior fotojornalista de guerra de todos os tempos já rondava o bar do Ritz quando era apenas o jovem aspirante a fotojornalista Endre Friedman, em 1933. Foi nessa época que o imigrante húngaro decidiu que suas fotografias teriam mais chances de serem vendidas a um bom preço se fossem assinadas por seu alter ego, um glamouroso e bem-sucedido fotógrafo americano, a quem deu o nome de Robert Capa.

Uma década mais tarde, já estabelecido como um dos mais talentosos e corajosos fotógrafos de sua geração, Capa voltaria ao hotel para acompanhar a libertação de Paris do domínio nazista. Lá, reencontraria os amigos de longa data Ernest Hemingway, Martha Gellhorn e Irwin Shaw. O fotógrafo chegou à capital francesa algumas semanas após fazer a cobertura de guerra mais importante de toda a sua carreira: o desembarque das tropas aliadas na Normandia, que ficou conhecido como Dia D.

Inteligente, divertido e extremamente sedutor, Capa iniciou um caso de amor com a atriz sueca Ingrid Bergman, uma das mais belas estrelas do cinema da época, nas dependências do Ritz. Assim como Hemingway, o fotógrafo não recusava uma boa bebida ou uma partida de pôquer. Certa vez, chegou a ser feito “refém” por funcionários do hotel, que exigiam que ele pagasse sua elevada conta antes de partir para a próxima aventura.

 

Martha Gellhorn

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Casada com Ernest Hemingway, a fotógrafa Martha Gellhorn teve muito sucesso na carreira, mas pouca sorte no amor. Além de se preocupar com a amizade do marido com a atriz Marlene Dietrich, a quem se referia como uma “pequena cobra venenosa e repulsiva” e com quem acabaria disputando também o amor de um oficial do exército americano, Gellhorn foi a última a saber do caso entre Hemingway e Mary Welsh, que ajudaria a colocar um fim em seu já frágil casamento.

Talentosa e corajosa, Gellhorn sempre buscou estar no meio da ação durante os anos da guerra, e suas reportagens eram alvo de inveja e ciúme do marido, que se recusou a ajudá-la a chegar à Europa para a cobertura da fase final do conflito. Mesmo assim Gellhorn conseguiu atravessar o oceano Atlântico e chegou ao velho continente a tempo de testemunhar o Dia D e voltar a Paris após a libertação da cidade. A fotógrafa ficou famosa por seus registros da libertação do campo de concentração de Dachau, na Alemanha. Foi uma das primeiras testemunhas de todo o horror imposto aos prisioneiros do regime nazista e, de certa forma, jamais se recuperou das cenas que viu.

 

Marlene Dietrich

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Uma das grandes divas do cinema da época, a atriz de origem alemã naturalizou-se americana anos antes da Segunda Guerra Mundial e atuou de forma ativa ao lado dos Aliados, viajando para diversas frentes de batalha e estrelando mais de quinhentos espetáculos para elevar o moral das tropas em combate.

Entre as viagens, passou temporadas no hotel Ritz, onde estreitou sua amizade com Ernest Hemingway, provocando o ódio da esposa do escritor, Martha Gellhorn. A bela atriz era extremamente competitiva e ciumenta e detestava dividir os holofotes no hotel, onde era considerada a rainha do bar. Não foi à toa que, no início de julho de 1945, Dietrich ficou muito contrariada ao descobrir que o Ritz estava hospedando outra grande estrela do cinema, a beldade sueca Ingrid Bergman.

 

Duque e duquesa de Windsor

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O antigo rei Edward VIII da Grã-Bretanha e Wallis Simpson, a americana divorciada que escandalizou o mundo e levou o rei a abdicar do trono britânico, eram hóspedes regulares do hotel Ritz. Com conhecidas inclinações pró-fascistas, o duque e a duquesa de Windsor eram motivo de preocupação para o governo britânico, que temia que o casal se aliasse a Hitler em conspirações contra os exércitos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, foram exilados nas Bermudas durante o conflito, o que não impediu que colaborassem ativamente com os alemães.

Após a guerra, o duque e a duquesa de Windsor voltaram à Europa, a Paris e ao Ritz. Na década de 1950, o hotel seria o cenário de um grande escândalo envolvendo o casal e um riquíssimo herdeiro americano, em uma história que acabou com as esperanças de Edward de retomar o trono da Grã-Bretanha e abriu caminho para a coroação da então princesa Elizabeth, hoje rainha Elizabeth II.

>> Leia um trecho de O hotel na Place Vendôme

 

Vanessa Corrêa é jornalista, já trabalhou na Folha de S.Paulo e no portal UOL e é apaixonada por livros, cinema e fotografia.

testeA presença feminina no girar da Roda do Tempo

Por Flora Pinheiro e Rayssa Galvão*

Como amantes da literatura de fantasia, para nós é sempre um prazer trabalhar com esse gênero, sobretudo com um clássico como A Roda do Tempo. Como editoras, é sempre muito gratificante trabalhar com livros realmente bons, com uma base de fãs tão envolvida e envolvente. E, por fim, como mulheres, é sempre um momento de alegria encontrar livros com personagens femininas bem-construídas.

Em muitas das histórias de fantasia mais tradicionais (estamos falando com você, O Senhor dos Anéis!), a mulher é relegada a um papel secundário, como a donzela elfa que decide esperar pelo marido humano, a feiticeira poderosa que só aparece para resolver um pequeno enigma sobrenatural e depois desaparece ou a mulher figurante que só dá as caras no final da trama para se casar com um dos protagonistas depois que ele retorna de suas aventuras.

Esse, felizmente, não é o caso de A Roda do Tempo – algo tão revolucionário para a época que, no começo da publicação da série, corria o boato de que Robert Jordan era o pseudônimo de uma escritora. Em entrevistas, o próprio autor declarou ter feito o possível para criar mulheres realistas e de personalidade forte, como as que o cercavam. Sua esposa, Harriet, foi editora da série e teve um papel fundamental na publicação, pois Jordan sempre ouvia seus conselhos. (Ao contrário de certos personagens masculinos de A Roda do Tempo…)

Jordan não teve medo de dar protagonismo às personagens femininas fortes, que aparecem como narradoras em todos os livros e têm sempre falas maravilhosas. Um de nossos momentos favoritos é quando um dos personagens principais vem pedir conselhos para a amiga, Egwene, e comenta que nunca conversou sobre qual era o papel do homem com seus amigos, e ela logo responde: “Então é por isso que vocês fazem um péssimo trabalho”.

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(Ba dum tsss – Fonte)

Mas não basta ter meia dúzia de personagens bacanas para nos impressionar, não. Nós já discutimos um pouco sobre a riqueza de culturas e variedade nos povos de A Roda do Tempo, mas, ao construir seu mundo, Jordan fez mais do que apenas basear os costumes dos povos em um mashup interessante do mundo real: ele criou novas dinâmicas sociais que, no mínimo, nos fazem refletir sobre o mundo em que vivemos. Ou seja, não só não faltam personagens femininas fortes na série como também, logo no começo, somos surpreendidos por algo ainda mais incomum: uma sociedade em que as mulheres não são vistas como inferiores aos homens. Muitos leitores aceitam com facilidade dragões, magia e personagens que vivem centenas de anos, mas um mundo no qual as mulheres não são “cidadãs” de segunda classe parece ser automaticamente descartado como inverossímil. Não tomar o machismo como “natural” e explorar os papéis sociais torna a obra de Jordan mais rica.

O primeiro exemplo começa logo no início da história, quando somos apresentados a uma pequena vila rural onde, como tantas outras, além da figura de prefeito há uma mulher conhecida como Sabedoria, uma espécie de guia e curandeira. O poder nessas pequenas cidades é dividido entre dois conselhos: o de homens, que cuida de assuntos muitas vezes secundários, e o círculo das mulheres, que resolve tudo o que há para ser resolvido e, de vez em quando, passa por cima do conselho dos homens.

Isso mostra que, além de incluir sociedades matriarcais (não vamos entrar em mais detalhes sobre elas para não dar spoilers), Jordan também criou inversões interessantes nas culturas tradicionais do livro: em vez de privilégio masculino, há privilégio feminino. Mesmo no caso dos Aiel, uma cultura guerreira em que os clãs estão sempre em conflito, com pilhagens frequentes, as mulheres têm uma sensação de segurança maior do que os homens. Elas não são as mais vulneráveis da sociedade e não precisam temer andar desacompanhadas, pois não correm um risco maior de sofrer violência sexual. Ou seja: exatamente o oposto do que vivemos.

É claro que Jordan criou uma explicação para que mesmo as sociedades tradicionais tenham “privilégio feminino”. Centenas de anos antes de a narrativa principal começar, os homens capazes de canalizar o Poder Único (ou seja, “fazer magia”) enlouqueceram e quase destruíram o mundo. As mulheres continuaram sãs. Isso repercute até o momento atual da história, no reino de Andor, governado sempre por rainhas. Em todo o universo, as mulheres são mais ouvidas, dominam as conversas e a política. Não é possível ter Aes Sedai, figuras poderosas que manipulam o destino das nações, sem que se crie um preconceito velado contra os homens dessa sociedade, fazendo com que as mulheres sejam consideradas mais confiáveis, competentes e perigosas. Alguns leitores se irritam com as personagens “mandonas” do livro por falta de costume, mas, para nós, qualquer obra em que as mulheres não ocupem apenas um papel submisso na trama é muito bem-vinda.

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(“Acha que tem direito de dizer como eu devo me vestir? Homem nenhum tem esse direito, nem sobre mim e nem sobre qualquer outra mulher! Se eu decidisse sair nua, isso não seria da sua conta!” Nynaeve, arrasando no quinto livro, As Chamas do Paraíso.” – Fonte)

* Flora e Rayssa são amigas, amantes de fantasia, feministas de carteirinha e fãs de A Roda do Tempo

testeEscrever é construir barreiras para o infinito

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Cena do filme Mestre dos Gênios (Fonte)

Toda vez que se começa o livro, a página em branco representa o infinito. Tendo escrito dois – um de não ficção e outro de ficção –, posso dizer que o desafio do segundo foi muito maior. Na ficção, todas as possibilidades estão à mão. E um autor precisa tomar decisões o tempo todo. Definir um começo, um meio e um fim para esse infinito.

Não consigo começar a escrever sem ter uma ideia clara sobre o meu ponto de partida e o de chegada. Essas fronteiras são sempre maleáveis, mas o fato é que o início e o fim precisam estar bem definidos para que o recheio possa ser preenchido com tempo e paciência, idas e voltas, escrita e revisão.

Meu terceiro livro – claro que não vou entregar os detalhes agora – está começando a ser colocado no papel neste momento. Foram muitas escolhas a fazer antes da primeira frase. Os personagens terão conhecimento prévio de todos os acontecimentos ou vão descobri-los junto com o leitor? Eles serão acompanhados durante todo o decorrer de sua vida ou somente num período específico? Quem dará voz à narrativa: o próprio personagem ou um observador?

Para este novo livro, testei algo que nunca havia feito antes. Dei-me ao luxo de fazer ensaios de texto com diferentes estilos de narração para entender o que funcionava melhor nesse caso específico. Preciso revelar, contudo, que tenho uma queda por obras que tragam como narrador alguém envolvido na trama, e não externo a ela.

Está em cartaz nos cinemas um filme bastante acadêmico e tradicional, mas que discute literatura de maneira realista, abordando as concessões que um autor precisa (e deve) fazer para tornar seu trabalho melhor. Trata-se de Mestre dos gênios, sobre o editor Max Perkins e sua relação com o escritor Thomas Wolfe. No elenco, só feras: Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman e Laura Linney.

No caso de Mestre dos gênios, além do relacionamento próximo com o intempestivo Wolfe e dos conflitos domésticos de ambos, o roteiro ainda lança mão de personagens secundários como F. Scott Fitzgerald (vivido por Guy Pearce) e Ernest Hemingway (Dominic West). É uma espécie de versão bem mais dramática das negociações (e discussões) entre um autor e um editor.

Mestre dos gênios me fez recordar de outro filme sobre literatura que me agrada muito: Garotos incríveis, em que o diálogo “escrever é fazer escolhas” me marcou muito. Quinze anos depois de ter assistido ao filme, sempre que estou em dúvida sobre uma solução narrativa, agarro-me à convicção de que é necessário parar e refletir: o que faz sentido dentro do mundo particular que está sendo criado?

Fazer escolhas e desapegar de boas ideias que não fazem sentido em uma narrativa é um bom ponto de partida. A vantagem de se construir um mundo particular composto de palavras é que sempre dá para corrigir o destino no meio do caminho.