Monica de Bolle

Por que borboleta-azul?

28 / setembro / 2016

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Esta é a primeira de uma série de colunas sobre Como matar a borboleta-azul. O livro trata da era Dilma, mas não consigo referir-me a ele de outra forma. Para mim, trata-se da borboleta, a linda borboleta-azul, que não resistiu à pesada interferência humana no frágil e complexo ecossistema do sul da Inglaterra.

Na década de 1970, os coelhos infestavam as plantações do país europeu e os homens resolveram matá-los — não todos, mas alguns. A população dos animais caiu, a grama que os bichinhos mantinham baixa cresceu. Na grama baixa vivia uma formiga especial, responsável por carregar os ovos da borboleta-azul para os formigueiros e cuidar das larvas até que se tornassem adultas. Com a relva alta, as formigas especiais foram sumindo. Com elas, foi-se a proteção, até que um dia não havia mais borboletas.

Os homens não queriam matar o belo inseto, mas acabaram por fazê-lo ao insistir em controlar os coelhos. Da mesma forma, Dilma não queria matar o crescimento da economia brasileira, mas acabou por fazê-lo ao adotar medidas que desarrumaram o país.

O governo Dilma foi marcado por tentativas e mais tentativas, espécie de hiperatividade econômica, cujo objetivo era manter a economia aquecida, os empregos abundantes e a renda em alta. A cada nova interferência, eu pensava na borboleta-azul. Cheguei a usá-la como metáfora num artigo escrito em 2012 que tratava do aumento de impostos sobre produtos importados que o governo anunciara na ocasião.

Quando vi a lista de produtos, fiquei impactada com o grau de detalhamento, a ingerência levada às últimas consequências, o micróbio da pulga da orelha do coelho. Espironolactona. Na lista do governo havia Espironolactona. Evidentemente, eu não sabia o que era a substância nem o motivo pelo qual o governo deveria taxá-la. Hoje sei que se trata de um diurético. Continuo sem entender, contudo, por que o governo Dilma, com tantos problemas para resolver, achou que devia dar atenção especial ao produto.

O que sei é que a forma como Dilma atuou para ajudar o Brasil a seu modo levou à destruição de outro ecossistema frágil e complexo: a economia brasileira. É esse mistério que o livro procura desvendar em bom português, fugindo do insondável economês. Torço para que leitores e leitoras o considerem útil para a compreensão da tragédia brasileira.

Comentários

2 Respostas para “Por que borboleta-azul?

  1. Vou ler o livro. E em geral leio os textos sobre economia de Monica de Bolle. Então sei que este pequeno trecho não abrange os temas todos, nem mesmo o tema mais geral da intervenção. Limitando-me apenas ao texto acima, o que fica na minha cabeça não é a borboleta. E os coelhos?? Considerando como coelho come e se multiplica, dava para deixar os coelhos lá comendo tudo o que lhes aparecia pela frente? Eu teria me preocupado com os comilões, ora essa, que iam acabar com hortaliças e até algumas lavouras.

  2. Estranho essa crítica, pra mim o presidente tem que ser apenas avaliado se tem emprego ou não, e pelo que me consta havia muito emprego e empresas abertas e dando lucros no governo Dilma, é isso que nos interessa Mônica e não teorias infundadas

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