testeA economista Monica de Bolle revela os bastidores da era Dilma

Como matar a borboleta-azul: Uma crônica da era Dilma chega às livrarias a partir de 3 de outubro

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Conta-se que, na década de 1970, atormentados por uma superpopulação de coelhos, os ingleses adotaram uma política tão bem-intencionada quanto equivocada, que culminou com a extinção da borboleta-azul no sul do país. O triste fim da bela borboleta é a metáfora escolhida pela economista Monica Baumgarten de Bolle para descrever a desconstrução do Brasil durante os anos de Dilma Rousseff (2011-2016). Depois de o Plano Real reduzir a inflação a patamares suportáveis e permitir a implantação de um conjunto de políticas sociais mais inclusivas, a presidente chegou ao poder determinada a reformular tudo. Na prática, sua gestão levou a economia brasileira a uma situação catastrófica cujos efeitos se farão sentir por muito tempo.

Em texto fluente, Monica de Bolle acompanha erros e desacertos da presidente, ano a ano, passo a passo, desvendando cada um de seus desatinos. Porém, no lugar de gráficos e tabelas, o leitor encontra drama, uma história de suspense e terror, com vilãs, vilões e pouquíssimos heróis, narrada com pitadas de surrealismo e saborosas citações a filmes e obras da literatura. A dura realidade ganha contornos humanos e compreensíveis mesmo para quem não tem nenhuma familiaridade com o chamado economês.

Tradutora de O Capital no Século XXI, de Thomas Piketty, no Brasil, Monica nasceu no Rio de Janeiro e vive em Washington D.C. Trabalhou no FMI, foi professora da PUC-Rio, atuou como diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica da Casa das Garças e como sócia-diretora da Galanto MBB Consultoria. Atualmente é professora da School for Advanced International Studies da Johns Hopkins University e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics.

Leia um trecho do livro:

Como matar a borboleta-azul

Artigo publicado em O Globo A Mais em setembro de 2012

 

Final dos anos 1970, sul da Inglaterra. Uma infestação inédita de coelhos ameaçava os prados verdejantes e as plantações das fazendas da região, levando os produtores a declarar que uma crise ambiental estava prestes a ocorrer e a pedir socorro ao governo. Para evitar um massacre possivelmente infrutífero de coelhos, já que a taxa de reprodução dos animais é quase inigualável na natureza, as autoridades encontraram uma solução “brilhante”: inocularam os bichinhos com o vírus da mixomatose, uma doença que ataca sobretudo os coelhos, deixando-os letárgicos, mais suscetíveis aos seus predadores naturais, menos inclinados a se reproduzir. Inicialmente, o experimento foi um sucesso. A população de coelhos caiu vertiginosamente, preservando as plantações e evitando a temida catástrofe. Contudo, a estrada para o inferno é pavimentada de boas intenções, como diz o famoso aforismo.

Com menos coelhos a mordiscar a vegetação, ervas daninhas proliferaram e a grama cresceu mais do que o normal. O crescimento da grama acabou aniquilando a população de um tipo de formiga que só sobrevivia alimentando-se da grama mais baixa. Infelizmente, essa formiga tinha laços estreitos com a borboleta-azul que ilustra este artigo, carregando seus ovos para o formigueiro e cuidando de suas larvas até que se tornassem lagartas adultas. Sem a proteção das formigas, os ovos da borboleta-azul ficaram expostos aos predadores. Um dia, a borboleta-azul sumiu para sempre do sul da Inglaterra.

A história verídica da borboleta-azul inglesa, a Maculinea arion, é um exemplo das consequências indesejáveis provocadas pelas supostas boas intenções. A boa intenção do governo brasileiro é proteger os produtos confeccionados no país da concorrência daqueles que vêm de fora, imaginando que, como os coelhos ingleses, possam causar um desastre ambiental na indústria nacional, já fragilizada por outros fatores. Para isso, inoculam os importados com a variante local da mixomatose: as tarifas de importação. Na semana passada, as autoridades divulgaram uma lista de cem produtos que ficariam sujeitos a impostos mais elevados até o fim de setembro. O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse também que a negociação de acordos bilaterais de livre comércio, como os que estavam em andamento com o Canadá e a União Europeia, terá de aguardar até que o setor industrial doméstico possa ser consultado.

Na lista de produtos cujas tarifas serão elevadas estão as famosas batatas, pneus, autopeças, produtos siderúrgicos, materiais de construção, plásticos, utensílios de cozinha, e por aí vai. Da lista consta também a Espironolactona, um diurético especial que previne a absorção de sal pelo organismo, ao mesmo tempo que preserva os níveis de

potássio normalmente expelidos na urina. Controlar a absorção de sal é fundamental para os hipertensos e as pessoas com problemas cardiovasculares. Preservar os níveis de potássio no organismo também é essencial para os doentes do coração, pois a deficiência do mineral pode causar arritmias cardíacas, além de provocar fraqueza muscular e fadiga. Ou seja, o aumento da tarifa de importação da Espironolactona pode ter o efeito perverso de levar a um aumento dos preços dos medicamentos que a utilizam como princípio ativo, quem sabe fazendo com que os doentes e seus médicos a substituam por remédios menos

eficazes no tratamento de suas patologias.

Há uma vasta literatura que documenta os efeitos adversos das medidas protecionistas sobre a atividade econômica. De modo geral, essas medidas privam a economia das transferências tecnológicas possibilitadas pela abertura do comércio, transferências que aumentam a produtividade e enaltecem a vitalidade econômica. A tarifa de importação sobre a Espironolactona é a metáfora perfeita para os efeitos adversos do protecionismo supostamente bem-intencionado. Ao suprimir a oferta desse componente químico, as medidas protecionistas podem acabar gerando na economia um estado de fadiga crônica e fraqueza muscular perene, a letargia da mixomatose.

Mata-se a borboleta-azul do crescimento. Sobra a lagarta vermelha, que, na melhor das hipóteses, se transforma apenas numa mariposa cinza.

 

testeMagnus Chase está de volta!

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A espera está acabando, semideuses! O martelo de Thor, segundo volume da série Magnus Chase e os deuses de Asgard será lançado no dia 04 de outubro, mesma data do lançamento nos Estados Unidos!

Desde sua primeira aventura em A espada do verão, seis semanas se passaram, e nesse meio-tempo Magnus começou a se acostumar ao dia a dia no Hotel Valhala. Quer dizer, pelo menos o máximo que um ex-morador de rua e ex-mortal poderia se acostumar. Mesmo não sendo tão popular quanto os filhos dos deuses da guerra, como Thor e Tyr, ele fez bons amigos e está treinando para o dia do Juízo Final com os soldados de Odin. Tudo segue na mais completa paz sanguinolenta da pós-vida viking.

Mas Magnus deveria imaginar que não seria assim por muito tempo. O martelo de Thor ainda está desaparecido, e os inimigos do deus do trovão farão de tudo para aproveitar esse momento de fraqueza e invadir o mundo humano. Cabe ao semideus e seus companheiros recuperar a arma – mesmo que isso signifique abrir mão de muito mais do que eles imaginam.

testeCafé Society

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Cena do filme Café Society (Fonte)

Um filme que tem tudo a ver com o meu livro Os Guinle é Café Society (2016), de Woody Allen. Mesmo tratando de histórias bastante diferentes, e apesar de o filme ser uma obra ficcional, enquanto o livro é uma biografia, as narrativas têm elementos em comum.

A trama de Allen se passa nos anos 1930, entre Hollywood e Nova York, e quem leu o livro sabe que foi exatamente nessa época que o playboy Jorginho Guinle aterrissou nos Estados Unidos. O mais curioso é que ele gravitava justamente entre as duas cidades, só que, diferentemente do cineasta, um nova-iorquino apaixonado por sua cidade, Jorginho nunca externou preferência por Hollywood ou Nova York.

Ao menos duas grandes estrelas do cinema americano estão nas duas histórias: Hedy Lamarr e Errol Flynn. Hedy Lamarr teve um caso com o milionário brasileiro; Errol Flynn foi muito amigo dele. No filme eles são apenas citados num extenso rol de nomes de personagens típicos dos estúdios cinematográficos.

O maior ponto de contato entre as duas obras é o jazz. No filme, o personagem principal, Bobby Dorfman, é um dos proprietários de um clube noturno, o Les Tropiques. O local é claramente inspirado no Café Society, uma casa fundada em 1939 por Barney Josephson em Nova York. Foi aí que Billie Holiday lançou, no mesmo ano, o sucesso Strange Fruit. Pois, em 1939, no mesmo dia em que chegou ao país, Jorginho Guinle foi ver uma apresentação da mítica cantora.

Jorginho, que então namorava a atriz Lauren Bacall, tornou-se frequentador assíduo do Café Society. Conforme conta em sua biografia, a casa era um templo sagrado do jazz. Era a única que bancava show com três pianistas tocando ao mesmo tempo, “criando uma incrível textura polirrítmica, uma loucura”.

A cristalização de Hollywood como a capital mundial do cinema e a expansão internacional do jazz fizeram da década de 1930 uma época especial nos Estados Unidos. Segundo Jorginho, “muitos achavam que aquela vida de diversão duraria para sempre”. Mas, como numa obra ficcional, todo aquele clima de festa acabou naquele mesmo ano de 1939, quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu e o mundo viveu uma de suas piores crises.

testeComo convencer seus amigos a ler A Roda do Tempo

*Por Flora Pinheiro e Rayssa Galvão

Se você é fã de A Roda do Tempo que nem a gente, já deve ter passado por esta situação: um amigo vem perguntar sobre a série, mas não é o tipo de pessoa para quem basta dizer que ela é muito boa. A pessoa precisa de mais incentivos para se interessar pela história. Então, na tentativa de explicar, você se embanana um pouco, e o resultado sai confuso e desinteressante, e seu amigo se afasta bem devagarinho, se perguntando como é que você consegue amar uma série sobre…

Um menino que é o escolhido para lutar contra o mal e umas mulheres que fazem magia, mas aí o menino descobre que também faz magia, só que homem não pode fazer magia… a não ser no caso dele, que veio para salvar o mundo… isso se ele não acabar matando todo mundo primeiro…mas também tem um personagem que é muito engraçado, e eles descobrem que… opa, não posso falar que é spoiler. Mas é muito legal, você devia ler!

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Bem, seus problemas acabaram! Nós já publicamos uma matéria com 14 curiosidades bem bacanas sobre os livros, mas agora vamos explicar por que todo mundo deveria ler essa série.

Senta que lá vem textão!

 

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É uma série inovadora de fantasia

As pessoas se embananam para explicar do que se trata a série porque A Roda do Tempo é uma história bem original, que vai além da boa e velha jornada do herói — sabe, aquela história que todo mundo já conhece (mas que continua sendo recontada de jeitos maravilhosos) sobre uma pessoa comum que recebe um chamado e, mesmo sem querer, acaba se tornando o salvador do mundo.

A Roda do Tempo representa um ciclo temporal de diversas Eras (a nossa inclusive), e a série conta justamente a história de uma delas. Há uma guerra do bem contra o mal, claro, mas é muito mais que isso. Na série, o girar da Roda do Tempo (e, portanto, o passar das Eras) é impelido pela magia da Fonte Verdadeira, que é composta de duas metades opostas que se complementam: a feminina (Saidar) e a masculina (Saidin).

Mas qual é a história, afinal?

Tudo começou quando um cara chamado Lews Therin (conhecido como o Dragão) liderou seus homens numa guerra contra as Forças das Sombras, encabeçadas pelos 13 seguidores mais fortes de uma entidade maligna conhecida como Tenebroso. Esse ser havia sido confinado em sua prisão pelo Criador no momento da criação, mas uma abertura na prisão estava permitindo que ele estendesse sua influência pelo mundo.

Lews conseguiu selar a prisão do Tenebroso, confinando os 13 seguidores junto de seu mestre. No entanto, o contra-ataque das forças das Trevas criou uma mácula na metade masculina (Saidin) da Fonte Verdadeira, que era o poder que os homens precisavam acessar para fazer magia. Isso levou todos os homens que acessavam Saidin à loucura, e eles destruíram cidades e mataram muita gente… O resultado do ataque de sujeitos tão poderosos acabou reformulando o mundo, criando montanhas onde existiam planícies e abrindo mares onde só havia deserto. Essa mácula ainda existe, e é por isso que os homens não podem fazer magia.

Milhares de anos depois, o selo da prisão começa a enfraquecer, e aqueles 13 seguidores que estavam presos com o Tenebroso escapam e começam maquinações para libertar seu mestre. Só que isso já estava profetizado (as Eras são cíclicas, elas volta e meia se repetem), e um dos grandes indícios dessa tragédia seria o renascimento de Lews Therin. A Roda faz o herói das forças do bem ressurgir, trazendo o Dragão Renascido (porque Lews Therin era o Dragão, sacou?) para salvar o mundo (e, infelizmente, destruir esse mundo enquanto tenta salvá-lo).

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Pronto, essa é a premissa. É bem fundamentada nos elementos que todo fã de fantasia adora: a ideia do bem contra o mal, de um vilão dado como derrotado renascer das cinzas para atazanar a vida alheia, de um escolhido… Isso é tudo parte da jornada do herói. Só que ao mesmo tempo em que conta a jornada do herói, a série narra muitas tramas paralelas e suas ramificações, criando uma teia de destinos e decisões que deixa todo mundo desesperado pra saber o que vai acontecer.

Não é porque tem um dragão que você vai ver lagartões gigantes cuspindo fogo

Estamos bem acostumados com a mitologia europeia, cheia de elfos e anões, mas nesse ponto Jordan inovou bastante. A magia é um dos pilares da trama, e até tem monstros que lembram os trolls e nazgûl de O Senhor dos Anéis, mas os dramas e os personagens são majoritariamente humanos. Há muitos povos diferentes, cada um querendo derrotar as forças das trevas do próprio jeito, e seres humanos com boas intenções podem se revelar tanto heróis quanto vilões.

A construção dos povos é muito variada, o que deixa a história multifacetada

Grande parte do livro sofre influências mitológicas de culturas e religiões com as quais não estamos muito acostumados. Dois dos exemplos mais bacanas — e mais diametralmente opostos — são os Aiel e os Thuata’an.

Segundo o autor, os Aiel foram inspirados em uma mistura das culturas zulu, apache, beduína e japonesa, e Jordan inclusive declarou que a ideia original era fazer um povo com uma mistura de cultura árabe, mas de descendência irlandesa. Os Aiel são divididos primeiro em núcleos familiares, depois em clãs, num paralelo à cultura irlandesa, mas a dinâmica social foi muito baseada nos beduínos. E embora os Aiel usem lanças em vez de espadas, consideram a luta (que chamam de “dança das lanças”) algo sagrado, regido por um complexo código de ética, o que remete à cultura samurai.

Ao contrário dos Aiel, que são um povo guerreiro, os Thuata’an (também chamados de Latoeiros) seguem o “Caminho da Folha”, que tem suas raízes no jainismo (uma antiga religião indiana). Eles se recusam a praticar qualquer ato de violência, não importa a situação (mesmo que seja para salvar a própria vida), e até tocar em armas é considerado tabu. Os Thuata’an viajam pelo mundo em trajes e carroções que lembram muito os ciganos, inclusive por sofrerem preconceito e terem a má fama de serem ladrões.

A mistura de culturas e religiões vai além dos povos

Apesar de à primeira vista a história apresentar o clássico dualismo cristão, com a ideia de um criador benevolente que tenta afastar o mal e da chegada de um fim apocalíptico, não é necessário se aprofundar nas culturas dos povos para encontrar mais e mais referências. Basta um olhar mais atento para reparar na mescla de religiões e filosofias orientais.

Quer um exemplo? Todos os livros começam com um parágrafo muito parecido, que sempre termina assim: “O vento não era o início. O girar da Roda do Tempo não tem inícios nem fins. Mas era um início.”

Soa até meio absurdo para a gente, porque no Ocidente estamos acostumados com a progressão linear do tempo, com eventos que se encaixam em passado, presente e futuro. Mas Jordan se inspirou no conceito de tempo cíclico dos hindus. Como é uma noção de um tempo que se desloca em círculos, infinitamente, o presente, assim como o futuro, já aconteceu em algum momento do passado. A serpente que morde a própria cauda, a principal imagem da série, é símbolo da eternidade.

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Como o tempo da série funciona diferente, não dá para a gente dizer que é uma fantasia medieval. Primeiro porque, apesar de ter reis, rainhas e castelos, logo percebemos que o clima é um pouco diferente (e o próprio Jordan já falou que desejava criar um mundo similar ao nosso, mas em que a pólvora nunca tivesse sido inventada), inclusive com menções ao “antigo costume de lutas com espadas”, que dão a entender que o tempo dos grandes cavaleiros já passou. Ao longo dos livros dá para notar uma série de referências, como o esqueleto ancestral de um animal mitológico de pescoço longo (uma girafa) e até as ruínas de um silo com um símbolo muito similar ao que usamos para indicar radiação (ou seria uma usina?). A ideia é que a nossa era já passou, mas que, um dia, ela vai voltar.

Se pararmos para pensar, essa noção de tempo cíclico é um pouco contrária à finitude de um evento apocalíptico, como nas histórias que já conhecemos. Será que é uma dica de que a luta do bem contra o mal nunca vai acabar? (A gente também não sabe, viu? Também estamos lendo a série!)

Tem tanto detalhe bacana que não caberia num texto só

Não é por acaso que a série faz tanto sucesso e é considerada um marco da fantasia. Lembra o conceito de opostos se complementando, que mencionamos lá atrás? Aquela história de que a força que move a Roda do Tempo vem da Fonte Verdadeira, que tem duas metades? Então, Saidin e Saidar formam o Poder Único, duas forças opostas que se complementam para formar uma única força que move o mundo. Dá uma olhada no símbolo. Lembra alguma coisa?

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Se você gosta de caçar referências, essa série é para você. E se não gosta, também é. Nós duas adoramos tentar descobrir de onde cada autor tira suas ideias e sempre passamos muito tempo teorizando sobre as histórias, mas nada disso é tão bom quanto enfiar a cara no livro e mergulhar na leitura. Já temos 5 volumes publicados em português, venha se juntar à gente nesse universo!

 

*Flora Pinheiro e Rayssa Galvão

Flora e Rayssa são melhores amigas desde o terceiro volume de Harry Potter. Elas se conheceram trocando teorias, e até hoje se divertem conversando e teorizando sobre suas séries favoritas. Elas nunca deixaram de amar os livros de fantasia.

testeTerceiro livro de Isabela Freitas será lançado em novembro

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Os fãs de Isabela Freitas já podem comemorar! Não se enrola, não, novo livro da autora, já tem data para chegar às livrarias: 3 de novembro. Na sequência de Não se iluda, não, a vida de Isabela dá uma completa reviravolta depois do sucesso de seu blog, Garota em Preto e Branco. Decidida a perseguir seus sonhos, ela abandona o curso de direito, deixa a casa dos pais, em Juiz de Fora (MG), e se muda para São Paulo tão logo conquista um emprego numa badalada revista on-line. Enquanto se adapta aos novos tempos numa quitinete no Baixo Augusta, Isabela escreve seu primeiro livro.

Seria perfeito se no apartamento em frente não morasse o envolvente Pedro Miller e os dois não se embolassem regularmente sob o mesmo lençol. Não, não é namoro. Não, não é apenas amizade. É algo muito mais enrolado, um relacionamento sem um nome definido. Um “isso”, como diz a personagem. Embora não tenha coragem de confessar seus sentimentos, Isabela sabe que está perdidamente apaixonada pelo seu melhor amigo.

Em Não se enrola, não, os leitores poderão acompanhar os primeiros passos dos personagens na vida adulta, com toda a independência e as responsabilidades que ela proporciona.

testeAs melhores reações ao trailer de Cinquenta tons mais escuros

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Com a divulgação do primeiro trailer de Cinquenta tons mais escuros pudemos ver como nossos leitores aguardavam a continuação da história de Grey e Anastasia nos cinemas. Além de ser o trailer mais visto da história do YouTube, superando o de Star Wars: O Despertar da Força, foram centenas de reações nas nossas redes sociais, pessoas que estão contando os segundos até 09 de fevereiro de 2017, gente que não aguenta mais esperar e, é claro, comentários sobre certa cena no chuveiro.

Separamos algumas das reações e cenas preferidas que recebemos em nossas redes sociais, além de algumas da nossa própria equipe. Confira!

@daniortelli Ó céus, ó vida…quem poderá nos salvar dessa perfeição????”

2

@ericacarla_m ? Nossa senhora da bicicletinha: dai-me equilíbrio! Deusa interior em polvorosa. ???”

3

@angelica_santos_18 meu deus me dá um Christian Grey!!! Tô precisando…. aiai o que é esse homem sem camisa? ???”

1

Jennifer Francine Meu deus ? que vontade de sair gritando, pulando, aiiiiiii❤❤❤❤❤❤❤ vem 2017 pelo amor de deus”

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Jana X André Matos Sério hoje bateu o recorde mundial de escrita da palavra chuveiro ? kkkkkkkkkkkk”

@drakorys a do The Grace, pq tá bem fofinha, e a do chuveiro, pq tá bem hot”

@milenaacouto a com as flores (todo o amor do mundo por essa cena) e, claro, cena molhadinha”

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testeAssista ao trailer de Animais Noturnos, novo filme de Tom Ford

Aclamado no Festival de Veneza, filme inspirado no romance Tony & Susan, de Austin Wright, estreia em 29 de dezembro

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Após uma das mais celebradas estreias nos cinemas dos últimos tempos, o estilista Tom Ford, responsável pela revitalização da marca Gucci, lança seu já aclamado segundo filme, Animais Noturnos. Vencedora do Grande Prêmio do Júri do Festival de Veneza, a produção tem no elenco Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Aaron Taylor-Johnson e Michael Shannon.

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Animais Noturnos é baseado em Tony & Susan, romance de Austin Wright lançado pela Intrínseca em 2011. No filme, Amy Adams interpreta Susan, a proprietária de uma bem-sucedida galeria de arte em Los Angeles que recebe, inesperadamente, o manuscrito do primeiro romance escrito por seu ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). Susan não mantinha contato com Edward havia mais de 20 anos e o romance é um violento thriller claramente inspirado na relação dos dois.

Para comemorar o lançamento, uma nova edição de Tony & Susan chega às livrarias a partir de 21 de outubro.
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>> Leia um trecho de Tony & Susan

 

Direito de amar (2009), a elogiada estreia de Tom Ford no cinema, estrelada por Colin Firth e Julianne Moore, recebeu indicações ao Oscar e a três Globos de Ouro e ainda arrecadou U$ 10 milhões nas bilheterias norte-americanas.

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testeInventar o real, inventar a si mesmo

Suelen Lopes*

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Baseado em fatos reais, de Delphine de Vigan, é um dos livros em que mais gostei de trabalhar desde que entrei na Intrínseca. A autora, que ficou conhecida por suas obras com traços autobiográficos, se destacou na cena literária francesa principalmente depois de Rien ne s’oppose à la nuit, escrito após o suicídio da mãe e lançado em 2011. No romance, Delphine evoca doces lembranças ao mesmo tempo em que conta como a mãe, que era bipolar, pouco a pouco sucumbiu ao delírio e à loucura diante das filhas, e revela segredos familiares perturbadores.

Rien ne s’oppose à la nuit alcançou um estrondoso sucesso na França, e após quatro anos de silêncio De Vigan lançou Baseado em fatos reais. Logo nas primeiras páginas, a narradora, que também se chama Delphine, se vê diante da temível pergunta: o que vem depois de um texto pessoal que comoveu tantos leitores? Para Delphine, a resposta era a inércia, a fragilidade, o isolamento, a depressão e o bloqueio criativo. Delphine de Vigan e Delphine, a narradora do livro, claramente têm inúmeros pontos em comum. Coincidência? É provável que não.

untitledEm meio a esse cenário de vulnerabilidade, a narradora conhece a ghost-writer L., uma mulher sofisticada, confiante, feminina, carismática e atraente. Tudo o que Delphine sempre desejou ser. A amizade, no entanto, se torna cada vez mais possessiva. L. tem um passado obscuro e entra de modo insidioso na vida da escritora, que encontra na relação uma saída para superar o bloqueio criativo. L. parece ser a amiga perfeita, sempre disponível, mas logo passa a interferir nos aspectos mais íntimos da vida de Delphine. A conexão entre as duas parece inacreditável — e bastante perturbadora. L. tenta fragilizar e manipular a amiga, o que estabelece um clima sombrio e de suspense ao longo da história.

No início, o livro remete a uma narrativa pessoal, mas então se transforma em um thriller psicológico que joga com os códigos da autoficção, questiona o fazer literário, o fascínio da nossa sociedade por narrativas baseadas em fatos reais — seja na literatura, no cinema ou na TV —, e as aparentes dicotomias com as quais costumamos nos deparar, como público e privado, razão e loucura, normalidade e anormalidade, verdade e mentira. De Vigan lança muitas pistas falsas (ou não, quem sabe?) para estabelecer uma atmosfera confessional que coloca em xeque a fronteira entre real e ficção.

Baseado em fatos reais traz uma narradora-autora de contornos bastante nebulosos, cria uma esfera ficcional do que é real e também do próprio eu. Não é por falar de sua vida nos livros que as pessoas conhecem a verdadeira Delphine de Vigan. Na verdade, são momentos recortados e colocados em evidência. Delphine brilha nesse palco em que vida e literatura não se separam por completo. O interesse está no movimento de construção da narrativa, de costurá-la e inventá-la, mais do que dizer se uma coisa de fato aconteceu ou não.

A autora parece partir da própria história e de suas questões mais íntimas para dar outro significado à dor. Na vida real ela tem um namorado que se chama François e é crítico literário, como no livro? Sim. Tem dois filhos? Sim. Os filhos se chamam Louise e Paul como na obra? Não. Ela enfrentou crises de depressão? Talvez. L. realmente existiu em sua vida? Delphine de Vigan faz questão de responder que, de uma forma ou de outra, sim. Qual parte é construção? O que não é? O interessante é perceber que talvez essas não sejam as perguntas mais relevantes. Baseado em fatos reais recorre à desconstrução dos limites entre real e ficção acreditando que vida e linguagem caminham lado a lado para possibilitar as vivências em toda a sua humanidade, com o que elas trazem de bom e de ruim. Para mim é sempre maravilhoso quando encontro um livro que me toca a ponto de fazer com que eu queira me entender melhor e me reinventar. Espero de verdade que vocês gostem de lê-lo tanto quanto eu gostei de trabalhar nele.

>> Leia um trecho de Baseado em fatos reais

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*Suelen Lopes é editora assistente no setor de ficção estrangeira da Intrínseca. Gosta de chá, cachorros e francês, e acredita que dar voz à vulnerabilidade humana ainda vai mudar o mundo.

testeVida em comunidade

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Cena do filme A Comunidade (Fonte)

Anarquistas, graças a Deus. O incrível título do romance de Zélia Gattai, que acerta em cheio nas contradições humanas, poderia também se aplicar ao filme A comunidade, a que assisti com prazer dias atrás. Seu diretor, Thomas Vinterberg, é um dos criadores do movimento cinematográfico Dogma e responsável por outros filmes de que gosto bastante, como Festa de família e A caça.

O que mais me interessou na história, muito bem interpretada, foi a desconstrução do que seja moderno e descolado. Se a vida a dois já é cheia de desafios, o dia a dia em uma comuna parece quase impossível de se aguentar.

A trama de A comunidade pode ser resumida assim: é um Cenas de um casamento, de Bergman, transportado para uma casa compartilhada por um grupo. O casal de protagonistas – um professor universitário e uma jornalista – decide convidar amigos para morar em uma casa que ganharam de herança. A relação, porém, não resiste ao mais trivial dos conflitos: uma traição.

Talvez tenha gostado do filme porque ele me despertou um sentimento nostálgico. Visitei várias vezes a comuna Niederkaufungen, na Alemanha, mais de uma década atrás, para escrever sobre seu dia a dia. A comuna fica nas proximidades de Kassel, na região central do país, onde eu morava na época.

Agora, ao pensar nos meus passeios por aquela comunidade para lá de organizada – toda a renda dos membros era dividida de forma igualitária –, também me vem à mente o livro Entre amigos, do israelense Amoz Oz, sobre a vida num kibutz. Em todos os casos (o livro, o filme e minha visita à comuna de verdade), percebo que a rotina em uma comunidade é marcada por competições e hierarquias, o que, teoricamente, não deveria existir.

No caso da comunidade de Kassel, a vida financeira era compartilhada, mas a amorosa seguia o modelo tradicional. Lembro-me que crianças no livro de Amós Oz “pertenciam” à comunidade; em Niederkaufungen, os pais biológicos eram responsáveis pela educação dos filhos, recebendo ajuda externa quando necessário (ou seja: o sistema não é muito diferente do que acontece com todo mundo).

Ao visitar a comuna, conheci uma brasileira que morava lá (a seu pedido, ela não foi retratada na reportagem que escrevi para a Deutsche Welle). No entanto, fiquei com a nítida impressão de que ela estava pronta para voltar ao mundo real. Fora para aquele lugar atrás de um amor. Como os personagens de A comunidade e de Entre amigos, estava em busca, no fim das contas, do mais trivial dos sentimentos.