Pedro Gabriel

O verso da criação – a escolha do nome

23 / agosto / 2016

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Queridos leitores, queridas leitoras, sei que me ausentei de minhas colunas nestes últimos meses. Confesso que cada terça-feira que passava em branco meu coração apertava um tanto. Eu queria contar novidades e detalhes do que estava criando em segredo, mas preferi esperar o momento certo para revelar o motivo de tamanha demora. Eu estava mergulhado na estrutura do meu novo livro, que hoje, por coincidência, começa a ser distribuído pelas principais livrarias de todo o país.

Na última semana, tive a oportunidade de ver pela primeira vez Ilustre Poesia impresso. Foi uma emoção rara; passou um filme na minha cabeça. Lembrei-me de todas as reuniões demoradas (e fundamentais!), de todos os guardanapos descartados, de todas as noites em branco. Tive, então, a ideia de dividir o roteiro desse filme com vocês. Trata-se, porém, de uma película estática, gravada apenas em palavras. O movimento fica por conta da emoção de cada um ao abrir, ver, ler e fechar o livro.

Contarei um pouco dos bastidores do nascimento das páginas, algumas curiosidades que aconteceram durante o parto e, principalmente, o processo criativo dessa espécie de trilogia de um pré-romance — que são os livros Eu me chamo Antônio. Resolvi chamar essa série de textos de O verso da criação.

Hoje e nas minhas próximas três colunas falarei exclusivamente sobre o Ilustre Poesia. Combinado?

Vou começar pela escolha do nome. Para alguns, Ilustre Poesia pode soar um pouco prepotente, como se eu quisesse colocar minha poesia num patamar mais nobre, superior. Muito pelo contrário. A intenção foi justamente desmitificar o peso que há por trás da palavra poesia, trazê-la um pouquinho para o chão, mostrar que cada um de nós é capaz de caminhar — a passos largos ou a curtas pegadas — nessa estrada da criação poética.

Ilustre é um adjetivo de dois gêneros que qualifica uma pessoa estimada, que se destaca por ser conhecida, que tem qualidades dignas de apreço. Ilustre também adjetiva o que é nobre. Logo, ser ilustre é ser digno, é ser importante, é ter destaque. Mas ilustre também representa a primeira e a terceira pessoas do singular do verbo “ilustrar”. Ilustrar nada mais é do que tornar ilustre, esclarecer, elucidar ou adornar algo com ilustrações.

Poesia é tudo o que desperta sentimentos, emoções. No meu primeiro livro, defini o que ela representa para mim: “Poesia é tudo o que não cabe no poeta.” Todas as palavras que não consigo mais proteger, todos os desenhos que não tenho mais coragem para apagar, viraram poesia. Foi exatamente isto que me propus a fazer quando comecei a rascunhar as primeiras ideias desse projeto: eu quis ilustrar minha sensibilidade, dar vida à minha imaginação, transcrever de alguma forma meus silêncios.

Ilustre Poesia é um diálogo constante entre a sílaba e o traço. É uma colisão sensível entre a fantasia e a realidade. Uma conversa silenciosa entre o mar e o espaço. Um caminho onírico de um poeta desconhecido em busca do seu chão, da sua personalidade.

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