Clóvis Bulcão

Cauby no Golden Room

30 / maio / 2016

Cauby Peixoto na década de 1990. (fonte)

Cauby Peixoto na década de 1990. (fonte)

 

Em 1980, o cantor Cauby Peixoto festejou 25 anos de palco. Para aproveitar a efeméride e turbinar a carreira, que andava em baixa, gravou um disco repleto de novidades, como as músicas “Cauby! Cauby!” (o mesmo nome do álbum), de Caetano Veloso, “Bastidores”, de Chico Buarque, “Oficina”, de Tom Jobim, e “Brigas de amor”, de Roberto e Erasmo Carlos.

Após o lançamento do LP, o resultado ficou longe do esperado. Nem mesmo o especial realizado em setembro pela TV Globo para festejar a data conseguiu impulsionar as vendas. O programa não foi bem produzido e recebeu muitas críticas. Segundo a colunista do Jornal do Brasil Maria Helena Dutra, “nem festa de fim de ano de colégio de interior deve ser tão amador”. Para ela, só havia um ponto positivo no programa: a bela letra de Chico sobre a vida nos bastidores.

No mês seguinte, em outubro, foi feita uma nova ação para promover o disco, dessa vez no salão Assyrius do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A avenida Rio Branco foi fechada, o teatro, cercado por holofotes, e Cauby chegou precedido por batedores. O show foi um sucesso e reuniu o beautiful people da cidade — estavam lá, entre outros, Jorginho Guinle, Danuza Leão e Caetano Veloso.

O auge das comemorações de suas bodas de prata, no entanto, ainda estava por vir. Embalado pelo surpreendente estouro de “Bastidores” nas rádios, Cauby foi chamado para ser a estrela da reabertura do Golden Room do Copacabana Palace. A casa de espetáculos estava fechada desde o fim da década de 1960, e doravante estaria sob o comando dos empresários Clemente Netto e Ricardo Amaral.

Em noite de gala — o traje era black tie para os homens e longo para as mulheres —, o Golden Room buscou resgatar o glamour dos anos 1940. O salão foi totalmente redecorado pelo arquiteto Gilles Jacquard e suas instalações foram modernizadas. Os ingressos custavam 2 mil cruzeiros (aproximadamente 333 dólares) e, além do show, davam direito a jantar (o histórico picadinho de Octávio Guinle) em mesas à luz de vela e a dançar ao som de duas orquestras comandadas pelo Maestro Cipó.

O espetáculo foi aberto com Cauby cantando “New York, New York” e teve sua apoteose ao final, quando o Golden Room cantou em uníssono “Bastidores”.  Segundo o colunista social Zózimo Barrozo do Amaral, do Jornal do Brasil, Cauby só faltou fazer chover. Para o crítico de música do jornal, Tárik de Souza, o ano de 1980 marcou a “ressurreição fulminante” do cantor, que morreu no último dia 15, em São Paulo.

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