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Quatro cientistas que mudaram nossa concepção sobre a origem e o fim da vida

18 / setembro / 2015

Por Bernardo Barbosa*

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A Terra existe há 4,5 bilhões de anos e o Homo sapiens moderno está por aí há mais ou menos duzentos mil. Mas não faz nem três séculos que o ser humano começou a ter conhecimentos embasados sobre a origem e o fim das espécies. Conheça alguns dos estudiosos que nos deram algumas das melhores pistas sobre como é habitar este planeta.

 

1 – Georges Cuvier (batizado Jean-Léopold-Nicolas-Frédéric Cuvier) (1769-1832)

cuvier009O naturalista francês especializou-se no estudo de fósseis, interpretando-os com uma precisão sem precedentes. Graças a ele, o grande público conheceu o mastodonte, a preguiça-gigante e o pterodáctilo, entre outras espécies. A partir dos fósseis, Cuvier chegou à teoria de que havia seres sem representantes no presente, gerando a ideia até então inédita de extinção ainda no fim do século XVIII. Na época, ninguém acreditava, ao menos abertamente, que Deus poderia criar seres vivos passíveis de desaparecimento.

No entanto, para Cuvier a extinção das espécies se devia exclusivamente a grandes catástrofes que assolavam a Terra de tempos em tempos. Ele refutava a noção de evolucionismo, defendendo que cada organismo só poderia funcionar como um todo; a mutação de uma espécie a inviabilizaria. Sua noção de catastrofismo viria a ser superada em seguida pelas teorias de Lyell e Darwin, mas retomada no século XX com o desenvolvimento dos estudos sobre as extinções em massa.

 

2 – Charles Lyell (1797-1875)

Charles_Lyell_printO britânico Lyell era advogado e ficou famoso como geólogo. Rejeitava o catastrofismo e defendeu o uniformitarismo, ou seja, a noção de que a Terra é moldada por processos constantes e semelhantes ao longo de grandes espaços de tempo. Tais mudanças, segundo Lyell, são imperceptíveis para os seres humanos, cuja vida tem uma duração ínfima em termos geológicos. Ele conseguiu comprovar, por exemplo, mudanças graduais no nível dos oceanos.

A aparente estabilidade da sequência de processos que moldam a Terra também levou Lyell a defender que o mesmo se aplicaria aos seres que habitam o planeta; era essa a sua ideia de evolução das espécies. No entanto, o britânico não abraçou a noção de seleção natural, que marcou a teoria de seu contemporâneo e amigo Charles Darwin.

 

3 – Charles Darwin (1809-1882)

220px-Charles_Darwin_seated_cropApesar de Lyell não concordar com a teoria da seleção natural, sua obra influenciou o britânico Charles Darwin de forma decisiva. A bordo do navio Beagle, em que rodou o planeta ao longo de cinco anos, ele devorou a obra do geólogo e assimilou a tese de um fluxo permanente e gradual de mudanças ao longo de um extenso período de tempo.

Darwin passou praticamente duas décadas desenvolvendo sua teoria de origem e evolução das espécies. Só publicou suas ideias em meados do século XIX, mas revolucionou a biologia ao estruturar os mecanismos que agem no processo evolutivo.

 

4 – Walter Alvarez (1940)

841163Filho de um vencedor do Prêmio Nobel de Física, o geólogo americano encontrou evidências para a extinção que varreu os dinossauros da Terra. No fim dos anos 1970, durante pesquisas de campo na Itália, Alvarez encontrou uma camada de terra com 65 milhões de anos de idade com concentrações incomuns de irídio, mineral raro no planeta mas muito abundante em asteroides.

A descoberta do geólogo e de sua equipe levou à teoria de que um asteroide atingiu a Terra, causando a criação de uma nuvem de detritos que cobriu o planeta e levou a uma extinção em massa — foi o fim de 75% das espécies da Terra, incluindo os dinossauros. Nos anos seguintes, mais de cem depósitos de irídio em alta concentração foram detectados nos mais diversos pontos do planeta. Além disso, foi encontrada uma gigantesca cratera no México causada pelo impacto de um asteroide, local que hoje é tido como o ponto original dessa extinção em massa.

 

A sexta extinção - CAPA E LOMBADA.inddAs descobertas de Cuvier, Lyell, Darwin e Alvarez levam à explicação do paleontólogo David Raup, citado em A sexta extinção sobre a história da vida na Terra: “Longos períodos de tédio interrompidos pelo pânico ocasional.”

Em A sexta extinção, vencedor do Prêmio Pulitzer de Não Ficção de 2015, Elizabeth Kolbert explica de que maneira o ser humano alterou a vida no planeta como absolutamente nenhuma espécie o fizera até hoje. Para isso, lança mão de trabalhos de dezenas de cientistas nas searas mais diversas e vai aos lugares mais remotos em busca de respostas. Eleito um dos melhores livros do ano pelo The New York Times, o livro trata de temas complexos de forma simples e acessível, e é indicado tanto para estudiosos quanto para leigos no assunto.

link-externoLeia outro artigo sobre A sexta extinção

 

Bernardo Barbosa é jornalista, ser humano e, por isso, teme as retaliações do mundo natural. Trabalhou no jornal O Globo e na agência de notícias EFE.

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