Bastidores

Sobre o dia em que conheci John Green

7 / julho / 2015

Por Iris Figueiredo*

Minha história com John Green começou há alguns anos, quando me deparei com uma citação de Quem é você, Alasca? no Tumblr. Foi o suficiente para que eu encomendasse o livro em inglês e aguardasse ansiosa pela chegada do meu exemplar. Quando li, me encantei pelas palavras do autor (embora de primeira não tenha entendido muito a Alasca, mas isso é papo para outra hora!).

Comecei a acompanhar o Vlogbrothers (canal no YouTube que John mantém com o irmão, Hank) e vários outros projetos que os dois têm na internet. Foi a partir disso que conheci a comunidade ao redor dos Green, a Nerdfighteria. Pouco depois descobri um grupo no Facebook com outros Nerdfighters brasileiros, e então me inseri ainda mais naquele universo — e meu fascínio pelo trabalho de John também cresceu!

Quando a Intrínseca anunciou que lançaria A culpa é das estrelas, me juntei ao pessoal do grupo Nerdfighters Brasil e começamos a pensar em uma forma de divulgar o livro e o trabalho dos irmãos Green por aqui. Nós queríamos que mais gente se encantasse pelas histórias de John, assim como pelos vlogs e por todo o resto! Foi com essa ideia na cabeça e com ajuda de todo o grupo que enviei um e-mail para a editora, na maior cara de pau, pedindo apoio para criarmos uma semana temática em nossos blogs, divulgando o livro e outras coisas relacionadas ao John e à Nerdfighteria. Resumo da ópera: deu tudo certo, eles abraçaram nossa ideia e, depois da semana temática, organizamos muito mais coisas sobre John Green — enquanto acompanhávamos seus livros subirem de posição na lista dos mais vendidos! Isso tudo aconteceu em 2012. Nunca imaginei que três anos depois receberia um convite para representar o grupo diante do próprio autor!

Tenho tido o privilégio de conhecer alguns autores que admiro muito, mas deu para perceber que John Green não é qualquer autor para mim, né? Além de me dar histórias de presente, ele me deu amigos. Amigos com quem fiz piqueniques e passeios turísticos por aí, amigos que foram importantes em uma das fases mais complicadas da minha vida, e que surtaram comigo quando ficaram sabendo que eu ia conhecer John Green pessoalmente.

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Meu dia com John Green começou com uma insônia daquelas. Como dormir quando você sabe que vai entrevistar um dos caras que mais te inspiram? Se cochilei por três horas, foi muito. Acordei e segui para o Copacabana Palace, conferindo mil vezes se todas as cartas e presentes estavam comigo, se minha roupa estava arrumadinha, se as perguntas estavam boas… Juro para vocês que treinei mil vezes cada uma delas, com medo de errar!

Um filme passou pela minha cabeça quando, mais tarde, já no hotel, vi o John e o Nat Wolff entrarem para a coletiva de imprensa. Esse era meu primeiro afazer do dia. A coletiva durou uma hora e foi muito divertida. Passei uns segundos meio estupefata, mas a ficha ainda não tinha caído, mesmo com ele na minha frente. Ri, anotei as respostas e tentei não pirar enquanto esperava a parte mais aguardada do dia: a entrevista exclusiva.

Só Deus sabe como foi difícil comer! Estava tão nervosa que mal me concentrei na comida. E olha que sou fã de comida, nada tira minha concentração de uma boa fatia de picanha. Mas naquele dia nem dei muita bola para isso! Almocei e voltei correndo para o hotel, pronta para a segunda rodada. Eu não soltava os presentes, não parava de repassar mentalmente todas as perguntas…

Fiquei ainda mais nervosa quando todas as entrevistas atrasaram porque o Nat passou mal à tarde. Quanto mais perto ficava da minha exclusiva, mais meu coração acelerava. E se eu falasse alguma besteira? E se tudo desse errado? Sou bacharel em pagar mico com mestrado em falar abobrinhas!

A ficha só caiu quando fui chamada pelo pessoal da produção e entrei em uma sala com um painel enorme de Cidades de Papel. Havia três cadeiras e inicialmente Nat participaria da entrevista, mas como houve essa mudança na agenda, eu conversaria apenas com o John. Posso confessar? Lógico que eu queria muito conhecer o Nat (ele é uma gracinha e ótimo ator!), mas uma parte de mim até ficou feliz por ser só o John, assim eu poderia passar mais tempo ouvindo o que ele tinha a dizer.

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Não sei vocês, mas eu acho que uma das melhores coisas da vida é ter a oportunidade de trocar algumas palavras com quem nos inspira tanto. E eu estava muito apreensiva, mas não tinha me dado conta disso. Até que a produtora olhou para mim e disse: “Olha que bonitinho como ela está emocionada! Só não vale chorar, hein?” Pronto, me debulhei em lágrimas! Chorei tanto que ganhei até lencinho de papel.

Eu nunca tinha chorado ao conhecer um escritor e nem passou pela minha cabeça que isso pudesse acontecer. Sabia o quanto aquele momento significava para mim, era algo que tinha esperado muito. Era parte de um sonho e uma emoção indescritível, foi impossível controlar as lágrimas — e o mais legal foi que o pessoal no set se emocionou junto comigo!

Quando consegui me recompor, John entrou. Com um sorrisão, me cumprimentou e, quando me apresentei, ele exclamou: “Ah, você que é a Iris!” Tudo isso enquanto eu ainda tentava me comportar como um ser humano normal e conter as lágrimas.

Explico: um dia antes, em um almoço, os editores comentaram sobre mim com o John. Mais tarde descobri que, na hora de dividir os entrevistadores entre o John e o Nat, ele PEDIU que eu o entrevistasse, pois sabia que eu iria representando os leitores. Quase caí para trás quando fiquei sabendo disso!

Nessa hora, comecei a tremer de nervosismo e balbuciei. Todo o meu treino foi jogado pela janela. Ele parecia muito feliz por estar no Brasil (e me deixem acreditar que também estava feliz por ver uma bobona emocionada com o trabalho dele!). Tem gente que pode achar besteira, mas foi assim que me senti naquele momento. Demorei uns segundos para processar toda a história — contei para ele dos presentes que nós tínhamos preparado e passei uns segundos com cara de boba, vendo-o paradinho na minha frente!

Depois, felizmente, consegui fazer algumas perguntas. Mesmo nervosa e tropeçando no inglês, mal vi o tempo passar. Dizem que quando a gente está vivendo algo especial, o tempo passa rápido. E foi assim mesmo! No final, quando perguntei sobre a nerdfighteria brasileira e sobre um presente que demos para ele em 2012, o John se lembrou da gente com tanto carinho que meus olhos se encheram de lágrimas de novo. Foi muito bom ver que ele é verdadeiramente grato pelo carinho que nós, leitores, temos com ele.

Quando a entrevista acabou, John Green se levantou de braços abertos e perguntou se poderia me abraçar. LÓGICO! Ele me deu um abraço superforte e eu chorei mais um pouquinho, saí até de carinha vermelha na nossa foto. Foi um momento tão único e inesquecível que mal sei como explicar a emoção e a alegria que tomaram conta de mim.

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Assim que saí do hotel, encontrei outros nerdfighters na porta e pude compartilhar um pouco da minha alegria com outras pessoas que o admiram tanto quanto eu. Mas ainda não tinha acabado! À noite, para fechar com chave de ouro aquele dia incrível, eu iria à estreia mundial do filme Cidades de Papel.

Cheguei ao Cine Odeon poucos minutos antes do próprio John. Assim que ele passou pelo tapete vermelho, vi seu esforço para falar com os fãs que estavam na grade, autografar livros e tirar selfies, muitas vezes pedindo desculpas quando um dos seguranças o afastava da multidão. Ele queria dar atenção a todo mundo e tentou ao máximo fazer isso!

Meu maior medo antes de conhecê-lo era que ele não fosse tão incrível quanto eu achava, mas John Green é, além de excelente escritor, uma pessoa sensacional. Ele trata os leitores como amigos, com muito carinho. E é muito mais fofo e simpático do que eu imaginava.

Dentro do cinema, ele fez um discurso superlegal sobre sua visita ao Brasil e prometeu que volta em breve. Espero que ele cumpra a promessa e volte logo ao Brasil. Nesse meio-tempo, sigo desejando que ele e seus leitores brasileiros nunca se esqueçam de continuar sendo incríveis. Como dizemos em nossa cidade natal, a Nerdfighteria, DFTBA!

 

Iris Figueiredo é blogueira e escritora. É apaixonada por livros que contêm histórias que poderiam acontecer com ela. Está sempre à procura do grande talvez e acredita que já viveu alguns milagres.

Comentários

5 Respostas para “Sobre o dia em que conheci John Green

  1. eu adoro os livros do john green. e queria saber como q fasso para pode virar um Nerdfighters

  2. Emocionante o seu relato, até chorei! Fico imaginando o dia que eu estiver de frente a Joanne Rowling, acho que meu coração explode.

  3. Muito bacanas suas palavras, Iris. Todo autor tem esta “dívida” de gratidão com seus leitores. Quando contamos nossas histórias, muitas vezes não damos conta do tanto que as palavras podem significar a quem as lê. John Green tem sorte de ter fãs assim, como você, que, certamente, foram conquistados com belas histórias, carinho e respeito. 🙂

  4. Iriiis que texto lindo, me emocionei por você aqui!
    Lembro perfeitamente daquela primeira semana especial de A culpa é das estrelas, participei tanto de vários sorteios haha.
    Fico muito feliz demais que você tenha podido conhecê-lo <3 Imagino quão maravilhosa deve ter sido a experiência.

    Beijo pra você!

  5. Iris, eu mesma tive que segurar as lágrimas enquanto lia o seu relato! Então posso imaginar a emoção de encontrar cara a cara com ele. Não tenho palavras pra comentar aqui, sério! Só: incrível. Awesome!

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