Bastidores

Brincadeira de criança

25 / junho / 2015

Por Cristhiane Ruiz*

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Sabe aqueles especiais de tevê que mostram os bastidores de gravações, com aquelas mesas cheias de botões comandadas por profissionais bastante concentrados em alguma coisa acontecendo na frente deles? Pois é. Participei de algo assim outro dia.

O ambiente de um estúdio é bem descontraído e informal, mas que ninguém se engane: técnicos e editores têm ouvido biônico e uma capacidade incomum para notar ínfimas diferenças em rabiscos coloridos que mais parecem o resultado de um eletrocardiograma. Eles chamam isso de “gráfico do sinal de áudio” (ou algo assim) e vão colando os trechos selecionados da gravação um ao lado do outro até terem a versão final, seja uma música da Katy Perry ou a divertidíssima leitura de O livro sem figuras feita por Lúcio Mauro Filho e Maria Clara Gueiros.

Uma gravação funciona assim: o artista chega, muito simpático e disposto, segue para uma sala com isolamento acústico (onde qualquer barulhinho extra é fatal) e, lá, faz o que melhor sabe fazer.

Foi assim com Lúcio e Maria Clara, no dia da gravação para o e-book com aúdio de O livro sem figuras.

A equipe de som e o pessoal da editora ficaram em outra sala (a tal sala dos botões que costuma aparecer nos especiais de tevê), no controle da gravação, enquanto os atores, um de cada vez (eles nem se encontraram naquele dia, veja só!) davam voz a UENGARENGAS e XABLAUS.

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Minha função era acompanhar a leitura conferindo se todas as palavras eram lidas como estavam no livro, cuidando para que eles não deixassem passar nenhuma letrinha. Para isso, precisei sentar ao lado do editor de som, diante da maravilhosa mesa dos botões.

Como a minha tarefa era acompanhar a leitura, acabei ficando responsável por controlar o MARAVILHOSO BOTÃO BRANCO da mesa de som. O MARAVILHOSO BOTÃO BRANCO, quando acionado, permite que o som da sala de controle seja ouvido na sala de gravação. É por meio dele que o diretor fala com o artista. Veja bem: o diretor.

Se Lúcio esquecia um pronome, eu apertava o MARAVILHOSO BOTÃO BRANCO e dizia: “Lúcio, você esqueceu o pronome tal. Pode repetir, por favor?” Se Maria Clara por acaso se atrapalhasse com o Bléguite, o Glóbite ou com o Urucurucururu, eu apertava o MARAVILHOSO BOTÃO BRANCO e falava, tal qual um Steven Spielberg: “Maravilha, Maria Clara! Vamos fazer só mais uma vez?”

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O mais divertido é que esses atores são muito competentes e educados, e, com muita elegância e profissionalismo, atendiam aos meus pedidos prontamente, sem questionar. Lá pelas tantas (é preciso repetir algumas vezes para uma gravação ficar perfeita), muito empolgada e bem à vontade, passei a sugerir diferentes entonações para as partes mais hilárias da história. Como me considero uma pessoa de bom senso, acionei meu botão interno de autocontrole e me forcei a deixar de lado o MARAVILHOSO BOTÃO BRANCO!

Mas não fui a única a virar uma criança encantada com um brinquedo novo enquanto morria de rir com aquelas atuações sensacionais. O pessoal do estúdio e da editora também teve uma tarde incrível. Foi uma sorte poder assistir a talentosos atores criando vozes malucas para um livro original e muito, muito engraçado. Não havia uma única pessoa na sala dos botões que não gargalhasse com O livro sem figuras.

Você também pode participar dessa divertida experiência. É só clicar aqui e adquirir a versão em áudio do e-book de O livro sem figuras.

 

*Cristhiane Ruiz é editora de livros infantojuvenis na Intrínseca.

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