Ontem assisti ao filme A teoria de tudo, que apresenta o lado emocional da razão do físico e cosmólogo britânico Stephen Hawking. Suas descobertas sobre o Tempo, seus estudos acadêmicos e seus desdobramentos no campo do Amor, principalmente seu romance com a religiosa Jane Wilde, tecem a trama. Além, claro, da doença degenerativa que se apossou do seu corpo aos vinte e um anos. Para a sorte dos que desejam o avanço da Ciência, seu cérebro continuou intacto e suas ideias puderam se mover livremente na sua imobilidade física. Para o azar dos que apostam no recuo da Humanidade, mesmo perdendo o poder da fala, suas palavras puderam racionalmente encontrar o caminho de uma voz robotizada. Para o seu próprio bem, seu coração será sempre humano.
Não conheço a fundo a sua história. Tudo o que sei sobre ele é o que ouço e leio esporadicamente nos jornais. Nunca tive a capacidade de entender uma simples equação de matemática no colégio, quanto mais discursar sobre os misteriosos buracos negros de uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo. Mas é sempre bom ver um gênio com genes humanos. Que ri e que chora e que acerta e que erra e que volta atrás… no Tempo! O Tempo que ele tanto defendeu em suas teorias. O Tempo que foi matéria de suas descobertas. O Tempo que é sua fonte de pesquisa. O Tempo que ele tanto ama!
Em uma das cenas, quando sua amada Jane, integrante do coral da igreja do seu bairro, pergunta-lhe inocentemente o que é Cosmologia, Stephen, ateu convicto, responde com o peculiar humor inglês: uma religião para ateus inteligentes. Os dois riem. O amor nasce ali, naquele exato espaço de tempo. Se Deus existe, se a Ciência insiste, se o mundo começou depois de uma grande explosão, se o Universo recomeçará em um novo Big Bang… nada disso importa. Para que tantas perguntas se nem mesmo a física quântica é capaz de quantificar a dimensão do que sentimos? A teoria de tudo prova que, em matéria de amor, nada pode ser provado por A mais B. Só o Amor consegue unir, no mesmo espaço físico, Deus e Ciência, Crença e Dúvida. Só o Amor tem a fórmula para acomodar, lado a lado, o lado emocional da razão e o lado racional da emoção. Amem. Amém.
Não temos que provar nada para ninguém. Temos que descobrir e provar o amor. Somente.
O amor… sempre foi ele é sempre será. E nesta história especialmente é ele que transcende a imobilidade física, a limitação psíquica e a inércia emocional.
Parabéns, Pedro Gabriel, mais uma vez pelo brilhante e sensível texto.
Ainda não assisti ao filme, mas com uma matéria tão bonita dessa já até imagino o quão bom deve ser o filme e a história.