Porque amanhã é sábado

Por Leticia Wierzchowski

19 / setembro / 2014

coluna 26_Porque amanhã é sábado

Escrever meus textos para a web tem se mostrado uma tarefa tão íntima e interessante! Tudo isso nasceu do final de uma relação de muitos anos ─ quando deixei de escrever para o Zero Hora, segui com meus textos por aqui…

Faz tempo que descobri no Facebook um espaço de troca com os meus leitores – e escrever romances, acreditem, é uma tarefa solitária. São muitos meses, às vezes, anos, trabalhando num livro. Depois que ele ganha o seu ponto final, outros meses são necessários lá nas entranhas da editora e, por fim, a criatura chega às livrarias. Mais um longo tempo até que os leitores leiam, lá no silêncio das suas casas, as páginas que escrevi no silêncio da minha própria casa. Gostaria, muitas vezes, de ter sido a mosquinha voando ao redor do leitor enquanto ele vencia esta ou aquela passagem e sentir seu espanto, ou o seu desencanto; mas, claro, eu nunca avancei pelas distâncias interplanetárias que me separam dos meus leitores e das suas secretas impressões.

Com o Facebook, todo dia alguém me escreve e divide comigo as suas impressões. Como em qualquer categoria da vida, existe o leitor chato, o indelicado, que avança além dos limites. Mas a deliciosa maioria vêm apenas engrandecer o meu dia com um elogio, uma palavra, um incentivo: alguns leitores, outrora sem rosto, viraram até meus amigos. Com meus textos semanais, tem acontecido coisa semelhante. Eu sou a minha própria editora, e portanto escolho o quero falar. Decerto dou pistas de como anda a minha vida, dos pequenos (e grandes) problemas do cotidiano. Quem não os tem? Basta a gente abrir os olhos, e algum problema pula na nossa jugular – estar vivo é torear os problemas e saborear as alegrias. Ontem, uma amiga leu um texto meu e, farejando certo dissabor, me procurou lá da Europa com um beijo e um afago. Vão-se as tristezas, os amigos ficam. E os leitores também. Isso é que vale, e que venham as sexta-feiras todas, com os seus sopros de sábado e as suas luzes de domingo. Eu escrevo sempre às sextas, como diria Vinícius, porque amanhã é sábado.

LETICIA WIERZCHOWSKI é autora de Sal, primeiro romance nacional publicado pela Intrínseca, e assina uma coluna aqui no Blog.

Nascida em Porto Alegre, Leticia estreou na literatura aos 26 anos e publicou 11 romances e novelas e uma antologia de crônicas, além de cinco livros infantis e infantojuvenis. Um de seus romances mais conhecidos é A casa das sete mulheres, história que inspirou a série homônima produzida pela Rede Globo e exibida em 30 países.

 

Leticia Wierzchowski nasceu em Porto Alegre e estreou na literatura aos 26 anos. Já publicou 11 romances e novelas e uma antologia de crônicas, além de cinco livros infantis e infantojuvenis. É autora de SalNavegue a lágrima e de A casa das sete mulheres, história que inspirou a série homônima produzida pela Rede Globo e exibida em 30 países.
Leticia escreve às sextas.

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