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Conheça Alain de Botton, autor do lançamento Religião para ateus

21 / outubro / 2011

Observador crítico do cotidiano, o filósofo Alain de Botton faz uso da literatura para responder a algumas das expectativas mais básicas da humanidade. Eruditos — contudo acessíveis —, seus livros de ensaios abordam temas ligados à filosofia da vida cotidiana, como o amor, a arquitetura e a literatura, assim como o inédito Religião para ateus e a reedição Como Proust pode mudar sua vida.

Ateu obstinado, Alain de Botton defende em Religião para ateus que, com ou sem fé, é possível encontrar aspectos úteis e interessantes nas religiões, pois, conforme explica em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, a ciência não resolve algumas das necessidades que as pessoas têm: consolo, comunidade, moralidade, compreensão. Além disso, o filósofo critica o mundo atual que, obcecado pela liberdade total, toma os humanos como seres maduros e racionais, em clara oposição à visão cristã que crê na vulnerabilidade e na insensatez inerentes à natureza humana. “O mundo liberal criou em nós a ideia de que somos autossuficientes. Não é verdade. Precisamos de ajuda, de aconselhamento. Mas, se alguém nos oferece orientação, repelimos. Dizemos que não precisamos de babás, que não venham nos dar ordens.”, declara.

Já em Como Proust pode mudar sua vida, Botton destaca sábios conselhos contidos na obra e na correspondência de Marcel Proust (1871–1922), autor do monumental Em busca do tempo perdido. Com bom humor, busca em seus personagens o que considera as “qualidades terapêuticas do romance literário”, tecendo um retrato sobre a vida do escritor francês — com episódios inusitados como seu único encontro com James Joyce­ – e reflexões sobre o trabalho, o amor, a vida em sociedade e o significado da existência humana. Compartilhando o ódio de Proust a todos aqueles que abreviam emoções ou sentimentos, Botton zomba do jornalismo, imaginando o quanto a literatura perderia se seus temas fossem tratados como as breves notícias consumidas durante um café da manhã.

          “Final trágico para pombinhos de Verona: após equívoco de considerar sua amada morta, jovem tira a                          própria vida. Ao descobrir a sina do amante, a mulher também se mata.

           Jovem mãe se joga embaixo de um trem e morre na Rússia após problemas domésticos.

           Jovem mãe toma arsênico e morre em uma cidade de província na França depois de problemas domésticos.”

Brincadeiras a parte — neste caso com clássicos assinados por Shakespere, Tolstói e Flaubert —, Alain de Botton examina as anotações de Proust e discute algumas ideias caras ao autor francês, como o processo de identificação do leitor em uma obra literária e seu potencial em sensibilizá-lo a ponto de transformar, bem como desenvolver sua capacidade de entender e de descrever melhor suas próprias emoções. “Ao lermos a nova obra obra-prima de um homem brilhante, ficamos felizes em descobrir reflexões nossas que havíamos menosprezado, alegrias e tristezas que havíamos reprimido, todo um mundo de sentimentos que havíamos desdenhado e cujo valor nos é repentinamente ensinado por aquele livro.”, detalha Marcel Proust.

Em novembro, os leitores brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer melhor esse filósofo suíço, radicado em Londres, e autor best-sellers publicados em mais de 30 países. Alain de Botton esteve no país para participar do seminário internacional Fronteiras do Pensamento, com conferências marcadas para Porto Alegre, em 21/11, e São Paulo, em 22/11. Após o evento, visitou o Rio de Janeiro, para uma aguardada sessão de autógrafos, na Livraria Cultura do Fashion Mall, no dia 24/11, às 19h.

Comentários

17 Respostas para “Conheça Alain de Botton, autor do lançamento Religião para ateus

  1. Gostaria de parabenizar a editora Intrínseca por publicar este autor sensacional, e ainda mais por um preço tão acessível. É assim que se multiplica o saber neste país, é assim que se pluralizam não apenas as vendas, mas o pensamento. Parabéns!

  2. Gostaria de saber se o livro “Desejo de Status” atualmente vendido pela editora Rocco também será comercializado pela Intrínseca.

  3. Foi com agradável surpresa que encontrei o livro de Alain de Botton na livraria. Parabéns ao autor e à editora pelo lançamento no Brasil — e a um preço tão acessível.

  4. Olá, gostaria de saber se ele não fará nenhum evento aberto em São Paulo. Obrigada.

  5. Olá, Felipe;
    Muito gratos pelo contato. Sim, reeditaremos este título em breve.
    Forte abraço,
    Editora Intrínseca.

  6. Poxa! Por favor… tragam o Alain de Botton para Salvador.

  7. Botton sintetiza através de idéias concretas o mundo contemporâneo: prático, tecnológico, mas vazio e sem tempo para criatividade…
    O cara é genial!!!

  8. Botton, com suas ideias filosóficas contemporâneas, muito pode contribuir para a melhoria das relações entre os povos. Uma melhor compreensão sobre os fatos novos e antigos deste mundo. Mas é preciso ler e reler as palavras, tão sabiamente escritas em livros. Vamos ler, também, o Alain de Botton, colegas Professores?

  9. O poder de síntese nos surpreende – a história fica muito mais compreensível quando relatada e mesclada por um filósofo que tem um natural dom de explicar e comentar – como o Botton.
    Parabéns à Editora. Lí Desejo de Status.
    Irei agora para o RELIGIÃO PARA ATEUS. Wantan

  10. O poder de síntese nos surpreende – a história fica muito mais compreensível quando relatada e mesclada por um filósofo que tem um natural dom de explicar e comentar – como o Botton.
    Parabéns à Editora. Lí Desejo de Status.
    Irei agora para o RELIGIÃO PARA ATEUS. Wantan

  11. A sublimação das obras religiosas, conforme Botton faz, precisa ser relativizada. Todo o amparo que o culto religioso pode trazer, todo o consolo que oferece aos que padecem em seus tormentos, tudo é parte da sua lógica, ou seja, alimentam-se as culpas e ao mesmo tempo levam o culpado a buscar o auxílio religioso. É o amparo encontrado nas preces, nas imagens, nas instituições religiosas, etc. De outra parte, inventou-se também a noção de ‘pecado’ e ao mesmo tempo o instrumento de tortura que a completa, conforme Nietzsche.
    Quanto aos ateus, estes não necessariamente desprezam a estética da arte sacra, eles apenas rejeitam a mensagem de servidão e alienação que essa criação exprime.

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