Com a mesma habilidade com que construiu o inquietante Precisamos falar sobre o Kevin, Lionel Shriver mergulha agora nos extremos da popularidade e do culto à personalidade. O que torna certas figuras tão magnéticas?
Há anos um grupo separatista da região de Barba, península ficcional de Portugal, explode bombas ao redor do mundo como estratégia para conseguir a sua independência. A comunidade internacional vive aterrorizada com os atentados implacáveis e imprevisíveis e a autodeterminação de Barba é um dos temas centrais e mais quentes da política mundial. A capital, Cinzeiro, abriga jornalistas de toda parte, entre eles o recém-chegado Edgar Kellogg – advogado bem-sucedido que trocou a carreira em Nova York pelo entusiasmo e a imprevisibilidade do jornalismo. Hostilizado na infância por ser gordo, construiu uma idolatria por personagens magnificentes.
Quando lhe oferecem uma vaga de correspondente em Barba, Edgar não hesita. Enviado para substituir o excepcional repórter desaparecido Barrington Saddler, o novato reconhece nesse homem grandioso a figura que deseja imitar.
Lionel Shriver criou em Barba um cenário de guerra fictício, porém não inverossímil. Com uma trama criativa, personagens muito bem construídos e diálogos inteligentes, a autora trata com perspicácia de temas como terrorismo, política, jornalismo e o culto ao indivíduo, demonstrando mais uma vez por que é considerada umas das escritoras mais interessantes da atualidade.