Ela não levou a sério, mas você deve levar

Ela não levou a sério, mas você deve levar

Já que essa carta é pra você mesma, leticia, talvez ela não precise de tantos exageros. Sabe o quanto você é uma pessoa exagerada, e por ser tu, aí, do futuro, eu aqui me preocupo mais com você que comigo. Tenho a teoria de que todos nós jamais conseguiremos dizer eu te amo a nós mesmos no presente. É possível dizer eu te amo às nossas versões mais antigas, por carinho, zelo, sentimento quase fraternal. E não me desculpe, mas não sou capaz de dizer que te amo. Nem sei quem você é. Se ainda combina comigo. Pés no chão, leticia. Pés no chão. Voos são incríveis mas chega um momento que as asas cansam. Apesar de eu achar a queda uma morte bonita e mais digna, nem todos querem arriscar tanto. Alguns preferem uma morte com os pés no chão segura e você, leticia, não pode fazer nada. Eles não dependem de você. As pessoas continuarão no egoísmo dela, e você não pode simplesmente odiá-las por isso. Egoísmo é algo inato de indivíduos problemáticos. E que bom, leticia, que você não é. Que eu não seja. Que nós não somos. Respeite esse tipo de defeito dos outros. Respeite os seus defeitos também. Isso não tem nada a ver com amor, tem a ver com reconhecer-se.
Não sei como aquele assunto está aí dentro nesse momento, e não vou te cobrar pra superá-lo porque isso seria exigir muito de nós. Só nós sabemos a intensidade dessa frustração. Então, acho mais válido fazer perguntas sobre o assunto.
A decepção/frustração ainda é grande e forte? Você se arrepende daquilo que fez a pessoa? Você ainda seria capaz de perdoá-la? Você ainda a ama? Você ainda acha que ela merece a lei do karma? Você ainda sente vontade de revê-la? Você ainda sente saudades dela?
Espero que tudo fique bem, que você melhore, se cure, que tudo dê certo pra você.
Que você tenha paz e força, leticia. Abraço.

Leticia